A Câmara dos Deputados aprovou uma medida polêmica: aumentou o limite do crédito consignado, que é descontado direto do salário ou do benefício da previdência. Agora esse crédito pode comprometer até 40% da renda, e com os outros descontos o trabalhador no fim do mês pode receber menos da metade do salário. Isso se você levar em conta mais 10% do salário que as empresas podem reter para cobrir gastos do trabalhador com planos de saúde, odontológicos e previdência privada. Economistas alertam para os riscos que essa medida traz: a dívida de aposentados e pensionistas pode virar uma bola de neve com potencial para destruir o orçamento das famílias. Para pagar contas, fugir dos juros altos do cheque especial ou do cartão de crédito: o empréstimo consignado, com desconto no contracheque, é uma alternativa de crédito mais barata e simples. Aposentado há quase 20 anos por invalidez, Carlos Dias Fernandes diz que hoje paga seis consignados. O último empréstimo, de R$ 4 mil, foi para quitar a dívida na compra de uma televisão nova. Carlos conta que compromete 30% da renda com as prestações. “Tem o juro menor, bem menor. Enquanto que você vai, se você for fazer um empréstimo pessoal em um banco, é na faixa de 8% e o consignado é na faixa de 2%, 3% no máximo. Mas a desvantagem é que você, por ser pouco, você vai sempre fazendo, fazendo, e quando vê está devendo muito”, diz.
