A maioria da bancada baiana no Congresso Nacional, formada por 39 deputados federais, expressou, ontem, entender como necessária a aprovação da Medida Provisória do pacote de ajuste fiscal elaborado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Dos 36 presentes na Câmara durante a votação da MP 665, cuja principal mudança é o aumento do tempo mínimo para o trabalhador solicitar o seguro-desemprego, 24 foram favoráveis à aprovação, entre eles opositores ao governo Dilma Rousseff (PT), como os três demistas da Casa, José Carlos Aleuia, Claudio Cajado e Paulo Azi, e o peemedebista Lúcio Vieira Lima. Os tucanos baianos, Antonio Imbassahy e João Gualberto, no entanto, entraram na lista dos 11 que votaram contra. Entre as justificativas dos opositores pelo voto favorável à polêmica medida provisória, está o reconhecimento da má gestão na área econômica do governo do PT e a necessidade de equilibrar as contas para que a situação não piore. O ferrenho Lúcio Vieira Lima, por exemplo, disse ter votado a favor pela urgência de consertar “o estrago”. “Se votássemos contra, ficaríamos parecendo o PT lá atrás quando votou contra o Plano Real, a vinda da Ford para a Bahia. Não é um voto a favor do PT, mas a favor da economia do país.Quando se vota no ajuste, no fundo no fundo, está se condenando o PT pelo fato do país ter chegado onde chegou”, explicou à Tribuna. Segundo ele, o voto favorável da oposição não significa aceitação e as cobranças ao governo federal continuarão intensas na Câmara. “Continuaremos cobrando, porque sabemos que esse estrago é fruto do estelionato eleitoral, dos casos de corrupção, da má administração. “Se a oposição votasse contra, daria a entender que a economia está bacana. E não tem nada disso. Mas o PT precisa vir em público dizer o que vai fazer de agora em diante, e fazer futuros ajustes”, pontou. O demista José Carlos Aleluia vai pela mesma linha do peemedebista, ao afirmar que as medidas são para corrigir “o descalabro nas finanças nacionais, causado pela irresponsável gestão da presidente Dilma Rousseff”. O parlamentar foi um dos que pediram que a votação da MP 665 fosse nominal. “Numa irrefreável demagogia, Dilma e Lula nos legaram uma bomba nas contas públicas que precisa ser desarmada, sob pena de toda a sociedade sofrer ainda mais as agruras que já vem passando atualmente com a inflação e o desemprego”, assinala Aleluia. Para o deputado democrata, não se deve confundir o que é Governo com o que é Estado.
O líder da bancada baiana do PCdoB no Congresso, Daniel Almeida, com voto favorável, pontuou que os ajustes estão sendo feitos em várias direções, como no corte do orçamento, desoneração tributária para automóveis e ajustes nos programas de investimentos de diversas áreas. Sobre a crítica de que o ajuste arrocha o bolso do trabalhador, ele ressaltou que os comunistas continuam na lutra para convencer o governo de que podia-se realizar outros ajustes sem mexer com os direitos dos trabalhadores. “Como, por exemplo, mexer em grandes fortunas, no sistema financeiro que lucra muito, lutamos quatro meses defendendo isso. Achamos que é importante dar condições do governo tocar seu projeto e votamos assim em função do compromisso com o governo. Foi um voto de caráter político. A principal luta dos trabalhadores é contra a terceirização indiscriminada. Essa é a luta central”, justificou Almeida. Já o petista Afonso Florence acredita que “do jeito que estava”, o governo não ia ter mais dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT, fundo especial vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego(MTE). “Para bancar o seguro-desemprego tem que ter contribuição. O seguro-desemprego e o abono salarial continuarão a existir, só que agora precisando que a contribuição seja um pouco maior. O Brasil precisa ajustar as contas pra voltar a investir em mercadorias, em programas como Bolsa Família, Pronatec...”, defendeu. (Tribuna da Bahia)
