O festival de carne de cachorro de Yulin, onde cerca de 10 mil cães são abatidos para serem servidos aos visitantes, muitas vezes é erradamente encarado como uma antiga tradição chinesa. Mas o fato é que o festival só começou a ser realizado em 2009 na cidade do sudoeste da China para celebrar o solstício de verão. O consumo de carne de cachorro tem precedência histórica na China. No seu apogeu durante a Dinastia Han (202-220), carne de cachorro era considerada uma iguaria. No entanto, o hábito perdeu sua força durante as dinastias Sui-Tang (581-907) e passou a ser visto como indecente. Dinastias posteriores valorizaram os animais como ajudantes e em caçadas e amigos. No século 21, comer carne de cachorro está sendo encarado com fortes críticas na China. Três décadas de expansão econômica gerou um exército crescente de amantes dos animais e donos de PETs que acredita passar dos 30 milhões. Dos estimados 130 milhões de cães da China, pelo menos 27 milhões são animais de estimação urbanos, de acordo com o grupo de pesquisa Euromonitor. Como os jovens precisam se mudar para as metrópoles em busca de melhores oportunidades, acabam encarando os animais como companhia na ausência da unidade familiar. Com o novo vínculo, esta nova geração de chineses veem cães e gatos como indivíduos merecedores de compaixão. Mais importante, eles são encarados como amigos, e não como comida. Da mesma forma, o abate brutal de cães em toda parte dos subúrbios de Pequim há dez anos agora praticamente desapareceu. Em 2011, as autoridades locais encerraram o Festival de Carne de Cachorro Jinghua sob condenação nacional. O comércio de carne de cachorro é uma séria ameaça para a saúde humana, e as autoridades chinesas têm todos os motivos para estar do lado dos defensores dos animais, já que o país tem a segunda maior incidência de raiva em humanos do mundo. De acordo com o ministério de saúde da China, na província de Guangxi, onde Yulin está localizada, há o maior número de casos do país. (IG)
