Pouco mais de um ano atrás, a Academia Americana de Pediatria divulgou uma diretriz dizendo que todos os cuidados pediátricos primários deveriam incluir a promoção da leitura, começando no nascimento. Isso significa que os pediatras deveriam aconselhar rotineiramente os pais da grande importância da leitura, mesmo para as crianças menores. A diretriz, que escrevi com Pamela C. High, contava com uma análise crítica da pesquisa volumosa sobre os vínculos entre crescer com livros e leitura em voz alta e o desenvolvimento posterior da linguagem e do sucesso escolar. Porém, embora saibamos que ler para uma criança pequena esteja associado a bons resultados, existe uma compreensão limitada de qual mecanismo pode estar envolvido. Dois estudos novos examinam as interações inesperadamente complexas que acontecem quando se coloca uma criança no colo e se abre um livro com gravuras. Neste mês, o periódico "Pediatrics" publicou um estudo que utilizou ressonância magnética funcional para estudar a atividade cerebral de crianças de três a cinco anos enquanto ouviam histórias adequadas à idade. Os pesquisadores encontraram diferenças na ativação do cérebro de acordo com a quantidade de leitura que as crianças estavam acostumadas em casa. Crianças cujos pais relataram mais leitura em casa demonstraram ativação significativamente maior de áreas cerebrais em uma região do hemisfério esquerdo chamada córtex de associação parietal-temporal-occipital. "Essa área cerebral é toda voltada à integração multissensorial, que integra som e estimulação visual", afirmou o autor principal, John S. Hutton, pesquisador clínico do Centro Médico Hospitalar Infantil de Cincinnati, nos Estados Unidos.
