É extremamente improvável que o calor intenso dos últimos quinze anos tenha acontecido apenas por razões naturais. De acordo com novos cálculos feitos por um time internacional de pesquisadores, a chance de que a série recorde de altas temperaturas pudesse acontecer sem interferência humana varia de uma em 770 e uma em 10.000. O estudo, publicado no periódico Scientific Reports, revela que o homem é, possivelmente, a maior força por trás da elevação das temperaturas globais. "É extremamente improvável que a sequência de temperaturas recordes observadas recentemente tenha ocorrido na ausência do aquecimento global causado pelo homem", escreveu a equipe de especialistas liderada pela Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos. O ano de 2015 foi o mais quente desde que os registros de temperaturas começaram a ser feitos, em 1880, e mostra uma tendência que quase todos os cientistas atribuem aos gases de efeito estufa oriundos da queima de combustíveis fósseis, provocando ondas de calor, secas, chuvas intensas e aumento do nível dos mares. Para verificar qual a chance de que a série histórica de recordes de calor entre 2000 e 2014 tenha ocorrido sem a ação humana, o grupo de meteorologistas fez análises estatísticas que combinam medidas de temperaturas dos últimos anos a simulações de computador de modelos climáticos. Elaborado antes de os dados sobre as temperaturas de 2015 serem divulgados, o documento estimou que a probabilidade de ocorrência da sequência recorde - que teve até 13 dos 15 anos mais quentes entre 2000 e 2014 - seria de entre uma em 770 e uma em 10.000 se a série fosse aleatória e sem influência humana. De acordo com Michael Mann, um dos autores do estudo, se as simulações de computador incluírem 2015, o número fica entre uma em 1.250 e uma em 13.000. "As variações climáticas naturais simplesmente não explicam os recordes globais de calor observados recentemente, mas o aquecimento global causado pelo homem sim", afirmou Stefan Rahmstorf, co-autor do Instituto Potsdam de Impacto Climático, em um comunicado. No mês passado, quase 190 nações assinaram em Paris o acordo mais robusto já formulado para trocar os combustíveis fósseis por energias mais limpas, como a eólica e a solar, para deter o aquecimento global. (Reuters)