Investigadoras da Faculdade de Esporte da Universidade do Porto (FADEUP), que estão verificando os efeitos do exercício físico em pessoas com Alzheimer, concluíram que os treinos ajudam os pacientes a manter autonomia nas atividades do dia-a-dia. Em depoimentos à Lusa, a investigadora Arnaldina Sampaio disse que "o objetivo do projeto é permitir aos doentes preservar e manter as capacidades do dia-a-dia, como se vestirem sozinhos e ter força e equilíbrio suficiente para levantar e andar sem auxílio e de forma autônoma", por exemplo. Outro propósito é trabalhar os sintomas neuro-psiquiátricos (apatia e alucinações, por exemplo) que levam os doentes a serem encaminhados para instituições pelas pessoas que os tratam, os "cuidadores", que, na maior parte dos casos, não têm uma formação adequada para o fazer. Para desenvolver o projeto ‘Exercício Físico, capacidade cognitiva, capacidade funcional e qualidade de vida de idosos com Alzheimer’, Arnaldina Sampaio teve contato com doentes de 15 instituições, em duas intervenções distintas. Na primeira fase, que ocorreu em 2012 e teve a duração de seis meses, foram incluídos cerca de 30 doentes com Alzheimer, provenientes de instituições de Viseu, que realizaram atividades onde treinaram força, equilíbrio e flexibilidade. Na segunda intervenção, em 2014, "já com a experiência da primeira", o estudo foi alargado para pessoas com diferentes tipos de demências e foram analisadas outras vertentes - como a capacidade funcional -, em cerca de 60 doentes de instituições de Ovar, de Viana do Castelo e da Lavra, também durante um semestre. Todo o treino foi ajustado às características dos doentes, esclarece Arnaldina Sampaio, acrescentando que durante os exercícios foi utilizada uma linguagem adequada e que apelasse à memória, de forma a estimular a parte cognitiva.
