Conhecido no tratamento de tumores hematológicos, o transplante de medula óssea é uma nova possibilidade de tratamento para quem sofre da doença de Crohn. O transplante é usado em casos graves da patologia, em que não há resposta a nenhum outro tratamento. "Temos estudos que mostram que até 50% dos pacientes passam a não ter mais necessidade de utilizar medicamentos para o controle da doença de Crohn após o transplante. Cerca de 40% não ficam completamente curados, mas melhoram o estado de saúde e passam a responder aos medicamentos. Apenas 10% não manifestam melhora", revela Aline Miranda de Souza, hematologista e coordenadora do Centro de Transplante de Medula Óssea da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Com o transplante há o reinício do sistema imunológico, de modo que o organismo para de produzir anticorpos que atacam as próprias células. A dinâmica é comum na doença de Crohn, por ser uma patologia autoimune responsável pela inflamação de todo o aparelho digestivo, da boca ao ânus.O tratamento utiliza a técnica chamada de transplante autólogo de medula óssea. Segundo Aline, o paciente recebe uma medicação que induz as células-tronco a migrarem do interior da medula óssea para o sangue periférico (aquele que circula pelas veias e artérias). "O sangue do paciente é coletado por uma veia do braço e passa por uma máquina capaz de separar o grupo de células-tronco das demais. Depois de colhidas, as células são preservadas vivas, por meio de congelamento, até o momento da infusão", acrescenta Aline.O procedimento é indolor e dura de três a quatro horas. Não há restrições na quantidade de coletas, desde que seja atingido o número necessário para realização de um transplante seguro.