Mesmo com o poder de compra reduzido e o orçamento no limite, aqueles que não abrem mão de viajar vão apertar ainda mais o cinto na hora de planejar o próximo destino. É o que aponta uma pesquisa recente do Ipsos, empresa global que atua na área de pesquisa de mercado. Pelo menos, 64% dos brasileiros pretendem realizar alguma viagem nos próximos meses. Porém, mais da metade (66%) afirma que viagem é uma das categorias em que pretende cortar custos. “A retração econômica é um fator que impacta os planos futuros dos brasileiros. A pesquisa mostra que, apesar desses fatores, eles ainda desejam fazer viagens, embora com cortes”, explica o presidente da Ipsos no Brasil, Alexandre de Saint-Léon. Enquanto dois em cada três brasileiros devem reduzir as despesas ao viajar, 47% pretendem fazer deslocamentos nacionais. Na Bahia, as entidades que representam o setor percebem o crescimento da procura de destinos não só nacionais, mas, sobretudo, dentro do próprio estado. Ainda que não haja números oficiais, o presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens na Bahia (Abav-BA), José Alves, arrisca que este aumento chegue a 40% em comparação ao mesmo período do ano passado. “As viagens curtas, principalmente para o Litoral Norte e interior da Bahia, aumentaram bastante após as pessoas repensarem como e quanto vão gastar nas viagens. O baiano está redescobrindo os pontos turísticos dentro da própria Bahia”, afirma Alves. No entanto, para o presidente da Salvador Destination, Paulo Gaudenzi, a busca por produtos mais baratos é reflexo da própria capacidade de compra, mas que, para o mercado, a tendência pode se tornar em uma oportunidade de ganhar esse turista. “Nos últimos anos realmente tem crescido o turismo dentro do próprio estado. O potencial é imenso, porém, precisamos explorar mais isso e ter mais propaganda para atrair também o turista que vem de fora”, analisa Gaudenzi, acrescentando a necessidade de uma maior e melhor estrutura hoteleira nos municípios baianos. “A hotelaria precisa ser eficiente para que a gente fortaleça mais o turismo nestas regiões”, pontua. Para a diretora da agência Turismar, Marlove Araújo, o que tem definido o destino não é mais só a vontade de viajar, mas quanto isso vai pesar no bolso. “As pessoas diminuem os dias, o que gostariam de conhecer e fazem trocas, optam pelos ‘pacotinhos’ menores. Conseguimos crescer em 30% a mais do que na mesma época do ano passado na venda de pacotes para destinos dentro da Bahia, principalmente nos feriados prolongados”. O sócio diretor da Alcance Operadora, Luiz César, concorda. “Quando se coloca tudo no papel, o que pesa é o melhor custo benefício. Não se deixa de viajar - e isso é bom. Mas o cliente tem adaptado isso ao seu orçamento”, destaca o empresário. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih), Glicério Lemos, a situação econômica do país fez com que todo mundo repensasse os gastos. “Todos querem aproveitar da mesma maneira, gastando o mínimo possível”, ressalta Lemos.