Simbolizando corpos de pessoas mortas pela polícia, 40 sacos fúnebres foram colocados em frente ao prédio do Comitê Organizador da Rio 2016, no centro da cidade. Realizado pela Anistia Internacional, o protesto denunciou a alta letalidade policial às vésperas da Olimpíada, e lembrou o grande número de vítimas nos anos dos Jogos Pan-americanos, em 2007, e da Copa do Mundo, em 2014. Em 2016, até maio, 151 pessoas foram assassinadas por agentes públicos de segurança na cidade do Rio de Janeiro, 40 somente em maio – 135% a mais que no mesmo mês de 2015. Para a Olimpíada, os governos estadual e federal anunciaram que cerca de 60 mil policiais e 40 mil agentes das Forças Armadas estarão de prontidão no Rio, patrulhando vias expressas, o transporte público e, eventualmente, fazendo incursões em favelas. Nas contas da organização de direitos humanos, trata-se da maior operação de segurança da história do país. As forças policiais e armadas, no entanto, continuam despreparadas para lidar com a população, na avaliação da Anistia Internacional. Uma das principais críticas da entidade é à tática de “atirar primeiro e perguntar depois”, associada ao abuso da força e à impunidade, que tendem a desaguar em uma espécie de “licença para matar” em ano de grandes eventos. “A nossa principal preocupação com a Olimpíada é a escalada da violência policial, a gente já viu isso acontecer em 2007, no Pan, e em 2014, na Copa do Mundo. Sabemos que em ano de realização de megaevento esportivo existe um aumento expressivo de pessoas mortas pela polícia na cidade e no estado do Rio”, disse a assessora de direitos humanos da Anistia Internacional, Renata Neder. A maior parte das mortes, segundo ela, ocorre em meio a operações policiais em favelas.