Festejada pelos funcionários do governo Kirchner, Dilma retribuiu sempre sorridente. Ela abraçou efusivamente o ex-ministro de Economia argentino Axel Kicillof e recebeu outras figuras de destaque do universo kirchnerista, como o ex-diretor da Biblioteca Nacional Horacio González, líder do grupo de intelectuais que apoiaram Cristina, a presidente das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, e outros representantes de movimentos sociais. Em curta entrevista a meios locais e estrangeiros, disse não crer que o presidente Temer possa renunciar. “Acreditar nisso é uma ingenuidade, ninguém dá um golpe ilegal, ferindo e rasgando a Constituição, para depois renunciar. Quanto ao TSE, a chance que tinha de anular a nossa candidatura já foi, o tribunal já está em recesso. Além disso, não estava dentro do receituário dos golpistas tirar o Temer neste ano. Quando quiserem achar um motivo, eles acham, e se ficar para o ano que vem, é isso, vai ser o golpe dentro do golpe.” Dilma disse acreditar que a crise que vive o Brasil só se resolveria agora com uma eleição direta, e não poupou o atual ocupante do cargo de críticas. “Digo que só a eleição direta é solução porque o povo brasileiro jamais autorizou o congelamento dos gastos com educação e saúde por 20 anos, o povo brasileiro não pediu uma reforma que só permite a alguém aposentar-se depois de 49 anos de contribuição.” A ex-presidente fez críticas também ao uso político que acredita estar sendo feito das delações premiadas. “Ficou claro que esse foi um processo seletivo de vazamentos com cunho de perseguição política, ao PT, a Lula e a mim.” E acrescentou: “a delação premiada não é prova, é um indício, tem de ser investigado, assim como as pessoas e os interesses por trás dela.” Dilma apontou como um “caso exemplar” a delação de Otavio de Azevedo, que havia declarado que Dilma havia recebido da Andrade Gutierrez R$ 1 milhão de modo ilícito. “Nós fomos investigar isso, e o que surge agora? Que na verdade o pagamento não foi para mim, foi um cheque nominal a quem? A Michel Temer. Ou seja, a delação não pode ser o fim da investigação. Não pode ser possível que agora Otavio de Azevedo simplesmente diga que se equivocou e fique por isso mesmo.” E acrescentou: “Então qual é a moral dessa história? Que se estava usando uma denúncia de corrupção como arma política”. Com informações da Folhapress.
