Durante 15 anos, entre 1998 e 2014, uma aparente desaceleração do aquecimento global foi usada pelos céticos como argumento para afirmar que o fenômeno era "um engano", mas um estudo publicado aponta que essa pausa foi uma ilusão. O trabalho dos pesquisadores das Universidades de Berkeley, na Califórnia, e de York, no Reino Unido, confirmam as conclusões de um estudo de 2015, elaborado pela Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês). "Nossos resultados significam basicamente que a NOAA tinha razão e que seus cientistas não alteraram os dados", aponta o pesquisador Zeke Hausfather, de Berkeley, e principal autor do estudo publicado na revista americana "Science Advances". A análise feita em 2015 pelos cientistas da NOAA mostrou que as temperaturas medidas pelas boias usadas hoje nos oceanos são ligeiramente mais frias do que as registradas nas leituras feitas pelos navios no passado. Essas diferenças de temperatura entre o velho e o novo sistema de medição ocultaram a realidade do aquecimento global nesses 15 anos, concluíram os pesquisadores. Publicado em 2015, o trabalho da NOAA foi muito criticado pelos chamados céticos do clima, alegando que essa "pausa" era uma prova de que o aquecimento global era um "engano". Um comitê da Câmara de Representantes, de maioria republicana, chegou a pedir aos cientistas da NOAA acesso aos e-mails relacionados com esse estudo. A agência concordou em transmitir os dados e responder a todas as perguntas científicas, mas se negou a entregar a correspondência eletrônica entre os autores do estudo. A decisão contou com o apoio da comunidade científica, preocupada com a inquisição política.

