
Em entrevista ao Bahia Notícias, Rute demonstrou repúdio ao fato de que os PMs foram acusados formalmente apenas por sequestro e cárcere privado, e não por homicídio. A Polícia Civil chegou a indiciá-los por homicídio qualificado, já que o adolescente até hoje não teve o corpo encontrado. Para Rute, o Ministério Público age como ‘fascistas’.
“A PM mata e o MP [Ministério Público] sepulta com a sua caneta. O Ministério Público tem 100% de culpa das desgraças que acontecem em nosso país porque é completamente omisso. O MP tem o dever de fazer a correção da PM”, defendeu a mãe do jovem, que acredita que o filho foi sequestrado e depois morto.
De acordo com o Ministério Público, não houve denúncia por homicídio porque a Polícia Civil não apresentou indícios suficientes para comprovar a morte de Davi. Para Rute, se o que ocorreu com o filho foi desaparecimento, como o MP defende, o adolescente deve estar na “casa” de alguns dos promotores.
“Já que é desaparecimento, gostaria de saber qual promotor está com Davi na casa deles. Se é desaparecimento, Davi está na casa de algum deles, porque na minha não está”, afirmou, indignada.
Na Colômbia como convidada de um evento sobre direitos humanos, Rute antecipou a volta para o Brasil após ser informada sobre a denúncia do MP.
PMS DENUNCIADOS
Foram denunciados os seguintes policiais pelos crimes de sequestro e cárcere privado: Moacir Amaral Santiago, Joseval Queiros da Silva, Genaro Coutinho da Silva, Tamires dos Santos Sobreira, Sidnei de Araújo dos Humildes, George Humberto da Silva Moreira e Ednei da Silva Simões. A denúncia foi feita pelos promotores de Justiça Ana Rita Nascimento e Gildásio Galrão e distribuída para a 2ª Vara de Crimes Praticados contra o Menor
O MP afirma na denúncia que os policias participavam de um curso de nivelamento realizado pela 49ª CIPM e pelo Pelotão Especial Tático Operacional (Peto) com prática de incursão nas localidades do Cassange, Planeta dos Macacos, Vila Verde, dentre outras. O posicionamento das viaturas envolvidas no evento e de seus ocupantes foi definido a partir das informações dos mapas dos GPS instalados nas viaturas e dos aparelhos de rádio (HTs) dos seus comandantes.
Segundo a investigação, Davi Fiúza foi abordado na Rua São Jorge de Baixo, em São Cristóvão, por quatro policiais armados e sem fardamento, que o colocaram com as mãos na nuca e de joelhos, próximo a um veículo azul e branco. Os outros três policiais fardados desceram até a rua através da Travessa Pitangueiras, indo ao encontro dos demais. A testemunha passou pelo grupo para ir à casa de uma vizinha e, no retorno, viu o veículo passando e os policiais fardados retornando andando. Foi a última vez que o adolescente foi visto na comunidade. BN