*Por: Tamara Leal
Turismóloga e com diversos cursos técnicos na área da gastronomia, Victória Corália começou a empreender desde muito cedo para se manter. Nascida em Santos (SP), ela veio ainda criança morar no distrito de Carnaíba, município de Pindobaçu, no Centro Norte baiano, onde os seus pais nasceram.
Em 2006, após terminar o curso de Turismo e ter feito estágio no município de Jacobina, foi morar em Camaçari, onde tem parentes. Dois anos depois, por necessidade, iniciou vendas porta a porta na “Cidade Industrial”.
“Tinha que me manter em Camaçari. Sabia que Jacobina tem um ramo de confecções forte, com roupas bonitas e bons preços. Assim, comprava confecção aqui e vendia em Camaçari. Quando vinha fazer novas compras, trazia de lá produtos de cama, mesa e banho e comercializava na região”, explica.
Victória se formalizou como Microempreendedora Individual (MEI) no ano de 2010 e abriu a loja física, A Burguesinha. Cinco anos depois, fechou a loja e passou a morar em Jacobina. Durante quase 10 anos, viveu entre as duas cidades. Em 2017, por necessidade, foi trabalhar no mercado formal.
“Vindo de um histórico de empreendedorismo, trabalhei formalmente entre 2017/2018, curto período que pareceu uma eternidade. Quem tem vocação ao empreendedorismo jamais irá se enquadrar no mercado formal. Logo senti a necessidade de voltar a empreender, pois me sentia frustrada em atuar em um mercado que buscava, acima de tudo, o lucro, onde colegas de trabalho são vistos como rivais, onde você é apenas estatística (número de vendas). Infeliz, resolvi suportar a situação por necessitar da minha independência financeira”, revela.
Durante o período que trabalhou formalmente, Victória Corália investiu parte do salário em um carrinho que seria uma petiscaria móvel. “Planejei atuar no Calçadinho de Jacobina, onde morava no período. Não segui em frente com o projeto, pois mudei de endereço, antes mesmo de colocar em prática”, explica.
A hora da virada
Mais uma vez com os planos frustrados, insatisfação profissional, angústia em estar inserida a um mercado que vai de encontro ao que acredita, Victória foi demitida.
“E agora, o que fazer? Pouco dinheiro (rescisão, salário e o seguro desemprego). Na bagagem inúmeras tentativas e a necessidade de contribuir, de alguma forma, para o bem coletivo e fazer disso o meu trabalho. Fiz pesquisa de mercado e plano de negócio, juntei ao pouco dinheiro coragem e determinação em fazer e transformei o meu sonho em realidade. Assim começou a “Baronesa do Sertão Decor”, nome em homenagem a minha tão querida tia, em memória, Silvandira Macedo, que era apelidada entre amigos e conhecidos por Baronesa. O sertão vem da minha paixão pela rica cultura nordestina”, explica.
Os primeiros passos do projeto foram dados com Gisélia Lopes, 60 anos, costureira e desempregada, a quem a empreendedora considera como tia, e com o seu esposo Ivanilton Aquino, funcionário público, que atuou na contabilidade.