Os sotaques que temos em um país que desejamos

*Por Gervásio Lima –  

Por maior que o Brasil seja, a língua portuguesa segue a mesma em qualquer região, sofrendo apenas algumas mudanças no som e no ritmo da prosa. O modo de falar se difere de uma região para outra, pois as origens dos sotaques brasileiros estão na colonização do país feita por vários povos em diferentes momentos históricos. No Sul, por exemplo, tem a influência dos alemães, italianos e outros povos vindos do leste europeu.

Existem os sotaques admirados, os considerados engraçados, os execrados e até mesmo os romantizados. O porreta é que é possível identificar o estado de origem de uma pessoa a partir das expressões vocais utilizadas em sua fala. Talvez, os mais fáceis de serem identificados estão o ‘nordestinês’, o ‘gauchês’ e o ‘mineirês’. Não precisa, por exemplo, dizer que é baiano, basta falar em algum momento as palavras ‘oxente ou mainha’; assim como falar ‘aperreado e avexado’, para se saber que se trata de um pernambucano arretado. “Pense num trem bão sô essa miscelânea linguística brasileira”, disse um mineiro que foi de pronto apoiado pelo gaúcho, “Bah, não é que é verdade tchê”?

De todos, o modo de falar na região Nordeste é o mais diversificado. Em cada estado e suas respectivas regiões há variações no sotaque dos nordestinos. De acordo historiadores o popularmente conhecido “sotaque nordestino” se originou da influência portuguesa, juntamente com uma influência francesa depois de alguns anos. A quem diga que é o sotaque mais gostoso de se falar, assim como a sua culinária regada à buchada de bode, mocotó, ensopado de rabada, galinha caipira e o famoso acarajé da Bahia.

‘Barril’ é como os baianos chamam algo muito bom. Porém, barril também pode ser usado para falar de algo muito feio. Já ‘alma sebosa’ é como os pernambucanos chamam alguém ruim, assaltante, aquele que só faz coisas ruins para os outros e o ‘Tabacudo’ é a pessoa besta, que não é muito esperta.

No dialeto sulista as palavras são consideradas incomuns e muitas vezes apenas seus moradores sabem os verdadeiros significados. Por lá, ‘guapecada’ é um tipo de cachorro sem raça definida; cão desobediente, vadio; pessoa que não gosta de trabalhar; pessoa sem-vergonha; quem não cumpre a palavra empenhada. No nordeste seria um ‘vira-lata’, ‘pra nada’, um ‘cara lisa’. O ‘xucro’ na Bahia é o mesmo que ‘um bicho do mato’, enquanto o ‘surungo’ no Rio Grande do Sul é ‘baile de gente simples’, por aqui é conhecido como ‘forrobodó’, ‘arrasta-pé’, ‘risca faca’, ‘brincadeira’ e ‘rala-bucho’.

Que os piás, os buguelos, os carinhas, os guris, os pivetes e demais crianças de todas as regiões brasileiras recebam as bênçãos do Menino Jesus neste Natal. Que as diferenças fiquem apenas nos sotaques, e as ações para o bem, o respeito e a empatia prevaleçam, independente da naturalidade.

Que o coroa da barba de algodão e o chapéu do Saci Pererê envie o presente que os pequenos e os grandes seres humanos aguardam o mais rápido possível, a vacina contra o novo coronavírus.

*Jornalista e historiador.

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