
(Por João Batista Ferreira) – Jacobina, cidade do interior da Bahia, já testemunhou épocas de grande movimentação e desenvolvimento. No século XVIII, foi palco de um capítulo importante da história do Brasil, centrado no ouro e na sua Casa de Fundição.
A Casa de Fundição de Jacobina é uma parte fundamental desse cenário histórico. Criada em 1728, ela teve uma existência tumultuada: foi extinta, reaberta, fechada novamente e finalmente abolida em 1759. Estudar esse período é como embarcar em uma viagem no tempo, onde os registros antigos e documentos preciosos revelam detalhes fascinantes.
Recentemente, durante uma pesquisa pela internet, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, Portugal, deparei-me com um documento intitulado “AJUSTE DA CONTA DE JOÃO PINTO PEREIRA, TESOUREIRO DA CASA DA FUNDIÇÃO DE JACOBINA”. Este documento oferece insights valiosos sobre a extração de ouro em Jacobina durante o século XVIII.
O texto descreve uma série de acontecimentos relacionados à Casa de Fundição da Vila de Santo António de Jacobina. Entre os relatos, destaco a nomeação do intendente, dos escrivães da receita, do fundidor e dos fiscais dos mineiros nas áreas vizinhas. Isso reflete a complexidade da operação e a importância do ouro na economia colonial.
Em 1752, foi nomeado o tesoureiro da Casa de Fundição de Jacobina, Eusébio de Proença e Silva, um cargo de grande responsabilidade dada a natureza das operações. No entanto, em 1753, surge um conflito, com o provedor da Casa da Moeda se recusando a receber o ouro proveniente da Casa de Fundição de Jacobina, desobedecendo a portaria oficial e resoluções do Conselho de Fazenda. O ouro produzido pelo imposto do quinto deveria ser depositado na Casa de Fundição até ser enviado para o Reino.
Outro destaque nos documentos é o compromisso das Câmaras locais em aceitar encabeçamentos em quantias fixas para o pagamento do imposto dos quintos das minas em seus distritos e o rendimento da Casa de Fundição de Jacobina. Isso demonstra o envolvimento e a importância que essa atividade tinha em toda a região.
Os registros revelam a meticulosidade da contabilidade da Casa de Fundição, documentando datas, locais e quantidades de ouro entregues. A responsabilidade do tesoureiro e do escrivão da receita e despesa era evidente em cada registro.
Este documento é um tesouro histórico que nos leva de volta a uma época em que o ouro era a moeda de troca da colônia. Revela o papel vital que Jacobina desempenhou nesse período e nos permite entender melhor a economia, a política e a sociedade da época.
Nossa história está repleta de tais relíquias, que nos conectam ao passado e nos ajudam a traçar a trajetória do Brasil. A Casa de Fundição de Jacobina é mais do que uma página nos livros de história; é uma parte viva de nossa identidade e um lembrete do papel fundamental que desempenhamos no cenário colonial. Pesquisas e descobertas como essa são uma celebração de nossa herança e um convite à reflexão sobre nosso passado e nosso futuro.
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