Imigrantes brasileiros nos EUA vivem sob tensão: Medo de deportações e ‘terror psicológico’ com as ações de Trump

Nos últimos dias, a caixa de mensagens do influenciador mineiro Junior Pena, conhecido entre os brasileiros nos Estados Unidos, tem recebido uma grande quantidade de relatos de famílias que estão temerosas e reclusas devido às políticas imigratórias do presidente Donald Trump. Muitos imigrantes estão modificando suas rotinas, evitando sair de casa e até cogitando retornar ao Brasil, diante da intensificação das ações contra imigrantes indocumentados, segundo Pena, que mora nos EUA há 15 anos e conta com mais de 1 milhão de seguidores no TikTok.

O impacto das promessas de Trump de adotar medidas mais rígidas contra os imigrantes sem documentos já é visível em lugares frequentados pela comunidade brasileira, como mercados e igrejas evangélicas. Fernanda*, uma estudante brasileira que vive em uma das cidades com maior concentração de imigrantes, revelou à BBC News Brasil que os cultos estão significativamente mais vazios e que muitas pessoas estão com receio até de frequentar a igreja.

Desde que assumiu a presidência, em 20 de janeiro, Trump tem emitido uma série de ordens executivas relacionadas à imigração, que visam fortalecer a repressão a migrantes sem documentos. Ao todo, foram mais de 20 ações que alteraram diversas partes do sistema imigratório, incluindo a detenção de imigrantes em locais como escolas, igrejas e clínicas, além da mobilização de agências como a Polícia Antidrogas e os Marshals para realizar prisões de imigrantes indocumentados.

Embora membros do governo e a Casa Branca afirmem que o foco das operações são imigrantes considerados “criminosos”, a realidade tem sido diferente. Relatos de brasileiros indicam que pessoas sem antecedentes criminais têm sido detidas em operações de deportação, o que tem gerado pânico na comunidade.

Em uma declaração recente, o prefeito de Newark, Ras Baraka, afirmou que agentes do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega) realizaram uma operação no local, prendendo tanto imigrantes indocumentados quanto cidadãos norte-americanos sem apresentar mandado. A mídia americana também trouxe à tona casos de pessoas, como uma mulher venezuelana em Miami, que, mesmo estando em processo para legalizar sua situação, foi detida em uma dessas blitzes.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, em sua primeira coletiva de imprensa após o início do novo governo, afirmou que qualquer imigrante irregular é um “criminoso”, adicionando que a intenção de Trump é remover todos os imigrantes ilegais, sejam eles criminosos ou não.

O Medo do “Dano Colateral”

Os brasileiros que conversaram com a BBC News Brasil expressaram medo de se tornarem vítimas do chamado “dano colateral” — um termo utilizado para descrever a detenção de imigrantes sem histórico criminal, mas que acabam sendo levados pelas autoridades no meio de operações focadas em criminosos. Dinorah*, residente da Carolina do Norte, relatou que a tensão está tão alta que muitas pessoas estão tomando precauções, como evitar locais com grande concentração de imigrantes, pois temem ser arrastadas para as operações de deportação.

Ricardo*, outro imigrante, disse que, apesar de acreditar que Trump está mirando nos criminosos, ele está com medo de ser pego “no lugar errado, na hora errada”. Segundo ele, a orientação dos advogados é evitar aglomerações de imigrantes e até mesmo viver com pessoas cujo passado criminal não se conhece. Rafael*, um brasileiro da Flórida, contou que sua advogada também o orientou a não frequentar supermercados ou eventos com outros imigrantes.

Impacto nas Igrejas e Comunidade Brasileira

A situação está afetando até mesmo aqueles que possuem a documentação em dia. Fernanda, estudante de teologia em Massachusetts, mencionou que reduziu suas visitas à igreja, temendo que algo inesperado acontecesse. Um pastor brasileiro de Orlando, que preferiu manter o anonimato, comentou que a crise tem gerado pânico, especialmente entre os imigrantes sem documentos, e que, embora muitos considerem as deportações como uma “precaução” para melhorar a segurança, para os imigrantes elas são uma “tragédia”.

Junior Pena, por sua vez, acredita que esses últimos dias sob o governo de Trump têm sido de “terror psicológico” para os imigrantes brasileiros. Segundo o influenciador, o aumento da tensão é palpável após relatos sobre o tratamento cruel dado aos deportados, como o caso de brasileiros em um voo de deportação no dia 25 de janeiro, que gerou revolta e medo entre a comunidade.

O “Período de Terror Psicológico”

A pressão sobre os imigrantes é tão grande que há rumores de que os primeiros 100 dias do governo Trump serão um período de intensa repressão. Ricardo, também preocupado com a situação, acredita que após esse tempo as coisas possam voltar a uma certa normalidade. Já Igor*, residente de Utah, criticou o pânico excessivo espalhado em grupos de WhatsApp, onde muitas notícias e vídeos sobre operações do ICE acabam se revelando exageradas ou falsas.

Enquanto isso, há quem minimamente tente normalizar a situação. Igor, que ainda está em processo de regularização de seu status, declarou que não percebe grandes mudanças desde a posse de Trump, e defende que, como imigrante, deve respeitar as decisões do país em que escolheu viver. No entanto, Ricardo ressalta que, mesmo com essas operações acontecendo há anos, o clima de tensão se intensificou com as promessas explícitas de deportação feitas por Trump.

Para muitos, o medo é real, e a expectativa é de que os próximos meses tragam mais incertezas e dificuldades para a comunidade imigrante nos Estados Unidos.

Fonte: G1

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