Após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que iria fechar a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), o site da agência exibiu, na quarta-feira (5), uma mensagem informando que todos os seus funcionários seriam colocados em licença indefinida. Essa decisão seguiu a declaração feita por Trump, na terça-feira, em que afirmou que a USAID, responsável por aproximadamente 40% da ajuda humanitária global, seria desativada.
O site da USAID esteve fora do ar desde o começo da semana, logo após Elon Musk, bilionário e CEO de empresas como Tesla e SpaceX, revelar que havia aconselhado Trump a encerrar a agência, a qual ele chamou de “ninho de vermes”. Musk, além disso, comanda um departamento do governo dos EUA dedicado à redução de gastos públicos (o DOGE, sigla em inglês).
O site da USAID foi reativado com um aviso dizendo que todos os funcionários considerados não essenciais seriam dispensados, com a licença começando na sexta-feira, às 11h59, no horário de Washington (ou seja, às 01h59 de sábado, no horário de Brasília). Aqueles que estavam fora dos EUA seriam enviados de volta para o país em até 30 dias, enquanto os funcionários essenciais seriam informados sobre novas orientações.
Trump, que já havia manifestado críticas à USAID, afirmou que a agência estava infestada de fraudes, mas não entrou em detalhes sobre as alegadas irregularidades. Musk, por sua vez, reiterou sua visão de que a USAID era um “ninho de vermes”.
A USAID foi criada em 1961 durante a presidência de John F. Kennedy, em plena Guerra Fria, com o objetivo de aumentar a presença dos EUA no mundo e combater a influência soviética. Mais recentemente, ela se tornou uma peça-chave na competição com a China, especialmente no que diz respeito ao programa de ajuda internacional “Belt and Road”. No ano fiscal de 2024, a agência respondeu por 42% de toda a ajuda humanitária global registrada pela ONU.
Com mais de 10 mil funcionários, a USAID é o maior doador individual de ajuda humanitária do mundo. Em 2023, os EUA, por meio da agência, destinaram US$ 72 bilhões (aproximadamente R$ 420 bilhões) para diversas causas, como saúde feminina em zonas de conflito, segurança hídrica, tratamentos para HIV/AIDS e combate à corrupção.
Embora os EUA sejam o maior doador de ajuda humanitária global, esse tipo de assistência representa menos de 1% do orçamento federal, uma porcentagem inferior à de muitos outros países. A USAID, por sua vez, nunca esteve livre de controvérsias, sendo acusada de colaborar com a CIA e até de participar de ações para desestabilizar governos estrangeiros. Um exemplo disso é a acusação feita em 2002 por uma comissão peruana, que alegou que a agência ajudou a financiar esterilizações forçadas de mulheres indígenas durante o governo de Alberto Fujimori nos anos 1990.
A proposta de Musk de fechar a USAID tem como base sua visão de que a agência é irreparável. Durante uma transmissão ao vivo no X (antigo Twitter), ele declarou que a USAID era “além de qualquer conserto” e insistiu no fechamento da agência, com o apoio de Trump. Além disso, Musk chamou a agência de “organização criminosa”, uma acusação que foi feita após a remoção de dois funcionários da segurança da USAID durante o fim de semana, incidente que envolveu um conflito com membros do DOGE, que tentaram acessar áreas restritas do órgão.
Por sua vez, Trump, como parte de sua política “EUA em primeiro lugar”, já havia anunciado o congelamento da maioria dos fundos de ajuda externa dos EUA, o que afetou projetos humanitários no mundo todo, como hospitais de campanha e programas de desminagem em áreas de guerra. Musk afirmou que a redução de ajuda externa poderia contribuir para uma diminuição de US$ 1 trilhão no déficit orçamentário dos EUA no ano seguinte, citando como exemplo o suposto roubo de grandes quantias por “quadrilhas estrangeiras de fraude profissional”. No entanto, ele não forneceu evidências para sustentar suas alegações.
Fonte: G1
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