*Por Gervásio Lima –
O baiano é, além de receptivo e solícito, uma inspiração de brasilidade, berço de cultura e disseminador de alegria, com o privilégio de ter nascido e ser descendente da coragem, de lutas e de vitórias históricas que reverberam até os dias atuais.
Talvez o fato de poder acordar ouvindo Gil, Caetano, João Gilberto, Betânia, Caymmi, Raul, Tom Zé, Moraes Moreira, Brown, Ivete Sangalo, ou dormir depois de ler Jorge Amado, assistir um filme de Glauber Rocha, recitar as poesias de Castro Alves ou entender geopolítica com Milton Santos, seja o motivo que incomoda àqueles que não tem uma praia de Itapuã para banhar e o Farol da Barra para iluminar.
O que faria com Lençóis e um Porto Seguro? Os que descansam mais que trabalham não entenderão o que é ter o privilégio de viver a natureza e ao mesmo tempo trabalhar para recepcionar não só os que gostam de acarajé, mas os que apreciam também buchada, mocotó, traíra frita, galinha caipira e bode assado com pirão de aipim.
Já é Carnaval cidade, acorda pra ver, pois o São João bate na porta e a Festa de Reis está prestes a acontecer. Como é bom saber que todo brasileiro se amarra na folia e que o Brasil foi batizado na Bahia. Olodum ou Filhos de Gandhi? O que importa é a baianidade nagô.
O baiano é humilde por natureza, ao ponto de sua benevolência ser confundida. Enganam-se os que acreditam que os filhos ou moradores da terra de Mãe Menininha do Gantois e da Santa Dulce dos Pobres, normaliza situações ou aceita situações desagradáveis que ferem seu brio. Xenofobia contra o lugar onde nasceu o Brasil é um disparate. Comentários jocosos e gratuitos partindo de onde deveriam ser combatidos são repugnantes. A justiça poderia ser muda e não cega.
Alô doutor, o senhor calado é um poeta.
Sorria, você está na Bahia. Aqui o baiano não nasce, estreia.
*Jornalista e Historiador
The post O Brasil foi batizado na Bahia first appeared on Noticia Limpa.