Apesar de ter sido destituído dos direitos e privilégios do cardinalato, Giovanni Angelo Becciu insiste em sua presença no conclave — a cerimônia fechada que definirá o novo papa.
Becciu foi uma figura central no alto escalão da Santa Sé, atuando como “sostituto” da Secretaria de Estado do Vaticano — cargo semelhante ao de chefe de gabinete papal. Nessa posição estratégica, tinha acesso irrestrito ao papa e exercia ampla influência na administração da Igreja. Seu nome chegou a ser cogitado como possível futuro papa.
Contudo, em 2023, o cardeal foi condenado a cinco anos e meio de prisão por envolvimento em um escândalo de peculato e fraude relacionado à aquisição de um imóvel de luxo em Londres, operação que resultou em um prejuízo de 139 milhões de euros para os cofres do Vaticano. Ele se tornou o primeiro cardeal da história a ser sentenciado por um tribunal penal da Santa Sé. Becciu afirma ser inocente e aguarda o julgamento de seu recurso. Enquanto isso, permanece autorizado a residir em um apartamento no Vaticano.
Antes do processo judicial ter início, o papa Francisco afastou Becciu da liderança da Congregação para as Causas dos Santos e o obrigou a renunciar aos direitos associados ao título de cardeal. Um comunicado oficial publicado pelo Vatican News em 24 de setembro de 2020 informou que o papa aceitou a renúncia de Becciu ao cargo de Prefeito da Congregação e aos privilégios do cardinalato. Apesar disso, tecnicamente ele nunca foi excluído do Colégio de Cardeais, o que lhe permite participar das reuniões preparatórias ao conclave.
Mesmo sem estar presente na lista oficial de cardeais do Vaticano, Becciu contesta sua exclusão e reitera sua inocência.
Perfil de Giovanni Angelo Becciu
Nascido em Pattada, na região italiana de Sassari, em 2 de junho de 1948, Giovanni Angelo Becciu foi ordenado sacerdote em 27 de agosto de 1972. Ele é doutor em Direito Canônico.
Sua trajetória diplomática no Vaticano começou em 1º de maio de 1984, com passagens por missões da Santa Sé na República Centro-Africana, Sudão, Nova Zelândia, Libéria, Reino Unido, França e Estados Unidos.
No dia 15 de outubro de 2001, foi designado pelo papa João Paulo II como núncio apostólico em Angola, recebendo ao mesmo tempo o título de arcebispo. Também exerceu a função diplomática em São Tomé e Príncipe e Cuba. Sua ordenação episcopal ocorreu em 1º de dezembro daquele ano.
Em 10 de maio de 2011, o papa Bento XVI o nomeou para um dos cargos mais relevantes da estrutura vaticana: substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado. Pouco depois, em 15 de junho, passou a integrar o corpo de consultores da Congregação para a Doutrina da Fé.
Já no pontificado de Francisco, foi escolhido em 26 de maio de 2018 para chefiar a Congregação para as Causas dos Santos, função que assumiu em 1º de setembro, deixando a Secretaria de Estado em 29 de junho. Um dia antes, em 28 de junho, havia sido elevado a cardeal.
Com o surgimento dos escândalos financeiros, o papa Francisco aceitou sua renúncia ao cargo e aos direitos de cardeal em setembro de 2020.
Fonte: CNN Brasil
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