O recente foco de gripe aviária detectado em aves comerciais no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, acendeu o sinal de alerta sanitário em todo o país. Na Bahia, mesmo sem registro da doença, a Agência de Defesa Agropecuária (Adab) ampliou ações de prevenção e vigilância nas granjas.
Segundo a coordenadora de vigilância epidemiológica da Adab, Camille Andrade, não houve trânsito recente de aves entre o matrizeiro, onde ocorreu o surto, e o território baiano. Ainda assim, o estado passou a intensificar os protocolos de biossegurança.
Estamos reforçando as orientações aos produtores sobre a importância da notificação imediata em casos suspeitos. Se houver alta mortalidade ou queda brusca na produção de ovos, a Adab deve ser acionada. Temos até 12 horas para atender qualquer suspeita, explicou.
O alerta mobiliza uma cadeia produtiva significativa. A Bahia é responsável por cerca de 60% da produção de frango que consome, com o restante vindo, em sua maioria, de Minas Gerais. Os polos baianos de produção estão localizados no extremo-sul, oeste e recôncavo. Este último é o mais antigo, com destaque para Conceição da Feira, devido à proximidade com grandes centros consumidores como Salvador e Feira de Santana. Já o oeste do estado tem atraído investimentos pela abundância de ração animal, o que reduz custos e estimula o crescimento da atividade.
Com esse cenário, a atuação dos órgãos de defesa sanitária se torna ainda mais estratégica.
Vigilância reforçada
Além da atuação direta nas granjas, a Bahia intensificou as fiscalizações em postos de controle agropecuário. Hoje, o estado conta com 22 postos fixos, a maioria em regiões de divisa. Como a Bahia faz fronteira com oito estados, o reforço nas barreiras móveis também é considerado essencial.
De acordo com Camille, os principais estados que enviam aves, ovos férteis e pintos para a Bahia, como Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Sergipe, não estão sob suspeita. Ainda assim, o rastreamento das cargas segue ativo.
Risco humano
A gripe aviária, apesar de sua gravidade entre aves, representa risco restrito para humanos. Quem explica é a médica veterinária Lia Muniz, que possui mestrado e doutorado em Imunologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA/ICS), além de especialização em produção de suínos e aves.
Segundo a especialista, a transmissão para humanos está limitada a casos de contato direto com aves infectadas.
Trabalhadores de granjas, criadores e pessoas que lidam diretamente com aves doentes estão mais expostos. A contaminação ocorre principalmente pela inalação de partículas virais presentes nas secreções respiratórias e nas fezes dessas aves, explicou.
Fonte: Bahia Notícias / Foto: Reprodução