A nova taxação imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros acende o alerta no setor produtivo baiano. Com impacto direto no agronegócio e na indústria, estima-se que a Bahia possa perder até R$ 2,6 bilhões em exportações, caso a medida seja mantida pelo governo norte-americano.
Entre os segmentos mais afetados estão o café e a carne, conforme explicou o advogado e especialista em comércio internacional Cândido Sá. Segundo ele, esses produtos seguem incluídos no chamado “tarifaço”, que eleva os custos de exportação e dificulta a competitividade no mercado americano. “Felizmente, setores como a indústria aeronáutica e o suco de laranja ficaram de fora”, pondera.
O risco de aumento no desemprego preocupa o setor produtivo. A possível queda nas exportações pode gerar um efeito cascata, comprometendo outros elos da cadeia econômica. Para Sá, caso as novas tarifas entrem em vigor, será preciso redirecionar a produção. “Uma alternativa é buscar novos mercados e reforçar o consumo interno, o que pode até colaborar para conter a inflação”, afirma o especialista em conversa com o bahia.ba.
Ainda assim, ele defende que a via diplomática seja mantida. “É essencial manter canais de negociação com os Estados Unidos e tentar preservar a soberania nacional. O café, por exemplo, pode ter margem de negociação, pois não compete diretamente com a produção americana”, avalia.
Enquanto isso, o governo brasileiro articula uma resposta. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que está elaborando um plano de contingência com medidas para mitigar os impactos e evitar demissões em massa. As propostas passarão por consulta com centrais sindicais antes de serem divulgadas oficialmente.
Já o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que comanda as negociações com o governo dos EUA, retomará reuniões com representantes de setores atingidos. Segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), cerca de 35,9% das exportações brasileiras para os Estados Unidos serão diretamente impactadas pelas novas tarifas.
Fonte: Bahia.ba