O grupo palestino Hamas divulgou nesta sexta-feira (5) um vídeo de dois reféns sendo conduzidos pela Cidade de Gaza, aparentemente em uma ação cujo objetivo é influenciar a opinião pública israelense enquanto os militares intensificam os ataques à cidade.
O vídeo mostra o refém Guy Gilboa-Dalal em um carro em vários locais da Cidade de Gaza, incluindo em frente à sede do Crescente Vermelho.
Aparentemente filmado na semana passada, as imagens mostram prédios danificados por meio da janela do carro enquanto o motorista conduz o carro por partes da cidade. A CNN geolocalizou o vídeo para a Cidade de Gaza.
Perto do final do vídeo, um segundo refém, Alon Ohel, de 22 anos, aparece ao lado de Gilboa-Dalal no carro. Os dois se abraçam e parecem surpresos ao se verem. “Não acredito que estou te vendo”, diz Gilboa-Dalal várias vezes.
Trata-se de um raro vídeo de reféns do Hamas filmado acima do solo. Gilboa-Dalal diz na gravação que a data da filmagem é 28 de agosto e que ele está refém há 22 meses.
A divulgação do vídeo ocorreu no 700º dia da guerra, marcado por protestos em todo o país, exigindo um acordo de cessar-fogo que permitisse a libertação dos reféns.
Apelo por resgate
No vídeo de quase quatro minutos, Gilboa-Dalal aborda a planejada tomada e ocupação israelense da Cidade de Gaza, enquanto implora ao governo israelense que o leve de volta para casa.
“Ouvi dizer que vocês vão atacar a Cidade de Gaza, e essa ideia está me dando pesadelos. O que isso significa?”, pergunta o refém. “Significa que vamos morrer aqui.”
Ele diz que há outros oito reféns também mantidos na Cidade de Gaza, que “vão morrer aqui” se a ofensiva avançar. A CNN não consegue confirmar a alegação.
O exército israelense afirmou na quinta-feira (4) que controla 40% da Cidade de Gaza, intensificando sua operação na densa área urbana.
Gilboa-Dalal também pede aos israelenses que se manifestem contra o governo e exijam o fim da guerra, que traria de volta os 48 reféns restantes, dos quais se acredita que 20 ainda estejam vivos.
“Só queremos que isso acabe. Queremos voltar para nossas famílias. Fomos encontrados ao lado do exército. Estamos com medo, há explosões aqui, tiros. Por favor, nos devolvam”, diz ele.
Entenda a guerra na Faixa de Gaza
A guerra na Faixa de Gaza começou em 7 outubro de 2023, depois que o Hamas lançou um ataque terrorista contra Israel.
Combatentes do grupo radical palestino mataram 1.200 pessoas e sequestraram 251 reféns naquele dia.
Então, tropas israelenses deram início a uma grande ofensiva com bombardeios e por terra para tentar recuperar os reféns e acabar com o comando do Hamas.
Os combates resultaram na devastação do território palestino e no deslocamento de cerca de 1,9 milhão de pessoas, o equivalente a mais de 80% da população total da Faixa de Gaza, segundo a UNRWA (Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos).
Desde o início da guerra, pelo menos 61 mil palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. O ministério, controlado pelo Hamas, não distingue entre civis e combatentes do grupo na contagem, mas afirma que mais da metade dos mortos são mulheres e crianças. Israel afirma que pelo menos 20 mil são combatentes do grupo radical.
Parte dos reféns foi recuperada por meio de dois acordos de cessar-fogo, enquanto uma minoria foi recuperada por meio das ações militares.
Autoridades acreditam que cerca de 50 reféns ainda estejam em Gaza, sendo que cerca de 20 deles estariam vivos.
Enquanto a guerra avança, a situação humanitária se agrava a cada dia no território palestino.
Segundo a ONU, passa de mil o número de pessoas que foram mortas tentando conseguir alimentos, desde o mês de maio, quando Israel mudou o sistema de distribuição de suprimentos na Faixa de Gaza.
Com a fome generalizada pela falta da entrada de assistência na Faixa de Gaza, os relatos de pessoas morrendo por inanição são diários.
Israel afirma que a guerra pode parar assim que o Hamas se render, e o grupo radical demanda melhora na situação em Gaza para que o diálogo seja retomado.
Fonte: CNN
