O número de consumidores brasileiros com contas em atraso aumentou 8,91% em setembro de 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior, segundo o Indicador de Inadimplência de Pessoas Físicas da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O país registrou 71,86 milhões de pessoas negativadas, o equivalente a 43,14% da população adulta.
Apesar da alta expressiva, a variação anual ficou abaixo da observada em agosto. De um mês para o outro, o número de devedores cresceu 0,21%. As dívidas com três a quatro anos de atraso foram as que mais influenciaram o aumento, representando 34,46% do total.
O presidente da CNDL, José César da Costa, destacou que o Brasil enfrenta hoje um cenário de inadimplência estrutural, marcado por dívidas de baixo valor, reincidência alta e recuperação lenta. “Sem iniciativas coordenadas entre mercado, poder público e incentivo à educação financeira, o sistema de crédito permanecerá caro e com exclusão financeira”, avaliou.
Perfil dos inadimplentes
A faixa etária com maior participação no total de devedores é a de 30 a 39 anos, com 23,56% dos negativados. A inadimplência está praticamente equilibrada entre os gêneros — 51,18% mulheres e 48,82% homens.
Regionalmente, o Centro-Oeste apresentou o maior crescimento no número de inadimplentes, com 8,16%, seguido por Norte (7,99%), Nordeste (7,59%), Sudeste (7,54%) e Sul (7,36%). Em média, cada consumidor deve R$ 4.801,45, distribuídos entre 2,22 credores diferentes.
Além disso, 30,55% das dívidas têm valor de até R$ 500, e 43,63% não ultrapassam R$ 1.000, demonstrando que pequenos débitos têm peso significativo no cenário de inadimplência.
Bancos concentram maior volume
O número total de dívidas em atraso cresceu 15,07% em setembro, frente ao mesmo mês de 2024. As dívidas com bancos lideram o ranking, com alta de 17,75% e representando 66,37% do total de débitos. Em seguida aparecem os setores de água e luz (10,28%), comunicação (8,23%) e comércio (9,39%).
Por região, o Centro-Oeste também teve a maior expansão no número de dívidas (15,60%), seguido de Norte (15,31%), Sudeste (14,13%), Sul (13,97%) e Nordeste (13,15%). Atualmente, 46,42% da população adulta do Centro-Oeste está negativada, enquanto no Sul o índice é menor, de 38,42%.
Consumo impulsivo e redes sociais
O presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, alertou para o impacto das redes sociais no comportamento de consumo. Segundo ele, as plataformas utilizam dados comportamentais para incentivar compras impulsivas, o que pode agravar a inadimplência.
“Reduzir a exposição a esses estímulos pode ser uma estratégia eficaz para evitar gastos desnecessários. Limitar o uso das redes sociais, desinstalar aplicativos de compras ou sair de grupos de promoções são medidas simples que ajudam a controlar o consumo e facilitam o hábito de poupar”, destacou Pellizzaro.
Fonte: Informe Baiano