Reportagem: Verusa Pinho
“Guiné-Bissau, Moçambique e Angola”… E foi de lá, das terras guineeenses, que veio nosso primeiro estudante estrangeiro. Gildo Armindo Gomes, 24, foi selecionado pelo Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), que tem por objetivo formar e qualificar estudantes internacionais, por meio de oferta de vagas gratuitas em cursos de língua portuguesa, de graduação ou pós-graduação, em instituições de educação superior brasileiras (IES).
O PEC-G foi criado oficialmente em 1965 e visa oferecer a estudantes de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordo educacional, cultural ou científico-tecnológico, a oportunidade de realizar seus estudos.
Já são sete (7) meses em solo brasileiro, terras baianas e jacobinenses. No IFBA, o jovem está cursando a Licenciatura em Computação.
Ao longo dessa trajetória, ele tem superado desafios culturais e navegado pelo contexto instucional: “No início foi difícil compreender a fala dos professores (porque nosso sotaque é diferente), as ferramentas tecnológicas e os sistemas, mas aos poucos estou me familiarizando com essas diferenças e tendo mais noção de como as coisas funcionam”, comenta Gildo.
Além de prova teórica, ele participou de seleção oral para ser aprovado no Programa. Para se manter fora do seu país, recebe uma bolsa, que auxilia na permanência (hospedagem e alimentação).
A oportunidade de estudar no exterior trouxe novos horizontes para o jovem: “Em Guiné-Bissau não há infraestrutura educacional adequada para uma formação sólida, de qualidade. Quero ajudar meus pais, trabalhando em uma área que ainda é pouco explorada em meu país, praticamente não-digital. Espero que, assim como eu, outras pessoas que estão a fazer essa formação possam contribuir com a sociedade guineense e fazer uma mudança radical”, destaca.
Foto: Bárbara Souza (DGCOM)
No I Encontro de Estudantes Cotistas do IFBA (EnCotas) do IFBA, Gildo fez parte da mesa sobre Intercâmbio e Permanência, compartilhando relato de vida impactante e inspirador. Na oportunidade, Claudia Santos, assessora de Relações Internacionais do Instituto, ressaltou a relevância social do PEC-G: “É um programa que está a consolidado no país. Existe há décadas e tem gerações que já se formaram por meio dele… O PEC-G é um investimento e a internacionalização é um investimento que a gente faz na cooperação, no fortalecimento da nossa humanização e na transposição dessas barreiras culturais, na construção da cultura de paz. A internacionalização é isso”, disse. De acordo com Claudia, o financiamento do Programa é, “sem dúvida, o maior dos desafios” porque os países que são signatários estão em desenvolvimento, “então, os estudantes enfrentam vulnerabilidade socioeconômica também” e “a gente tenta resolver isso através do Promisaes [Projeto Milton Santos de Acesso ao Ensino Superior], que é um programa de específico, mas essas bolsas elas não são suficientes”. Claudia Santos ressaltou ainda a importância de a comunidade ajudar no “acolhimento” aos estudantes estrangeiros no IFBA para que eles possam transpor as dificuldades culturais, uma vez que se trata de pessoas que estão afastadas de suas famílias, “com distâncias continentais”, e do seu país.
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