A cantora Joelma concedeu uma longa e detalhada entrevista para a Revista Marie Claire sobre o período que foi vítima da violência doméstica causada pelo então marido, o músico Chimbinha. Eles ficaram casados por 18 anos e se separaram em 2015, quando o caso veio à tona. “Em dois anos de relação [2000]. Ele me bateu no rosto e fiquei com o olho inchado. Não sei te dizer nem porque aquilo aconteceu. Na mesma hora falei que não queria mais. Me tranquei num quarto de hotel em Belém e fiquei três dias sem sair. Eu estava com medo e teria muita vergonha se vissem meu rosto coberto por hematomas”, iniciou.
Joelma explicou que ele prometeu que nunca mais faria a agrediria, mas o terror voltou dois anos depois. “Naquela tarde ele já estava bebendo havia uns dois dias, virado. Pedi pra alguém avisar que estava passando do limite. E essa pessoa foi chamá-lo. Estávamos numa casa em Recife, que tinha um segundo andar com uma varanda sem proteção, e lá embaixo havia um muro com umas armações de ferro. Ele veio transtornado porque eu tinha mandado chamá-lo e começou a bater a própria cabeça na parede. As pessoas escutaram e pensaram que ele estava batendo a minha cabeça na parede. Uma pessoa dizia pra outra: poxa, eu queria ir lá, mas estou com medo. Até que um cantor da banda foi”, lembrou. Em seguida, a artista disse que o companheiro a puxou pelo cabelo. “Saiu me arrastando e ia me jogar lá embaixo, nos ferros. O cantor o impediu. Não sei o que aconteceria comigo. Se perderia minha vida, se ficaria aleijada”.
Para se proteger, ela disse que comprou uma máquina de choque. “Andava com ela na bolsa. Depois dela ele nunca mais bebeu perto de mim. Não cheguei a precisar usar a máquina com ele”. No relato, a paraense revelou que Chimbinha justificava as agressões por inveja no trabalho. “Ele dizia que profissionalmente me respeitavam mais do que a ele. Isso deixava ele irado”. Apesar dos episódios violentos, o que motivou o pedido de divórcio foi outra coisa:
“Descobri que ele estava havia quase três anos com outra mulher. E que nesse mesmo tempo, desviava dinheiro da nossa empresa. E, apesar dos episódios de agressão anteriores, eu não sentia desconfianças ou ciúmes, não era do tipo que olhava o celular do marido. Sabia a senha e não olhava. Então um dia mandaram uma mensagem pra mim: ‘Quer saber a verdade? Olha o celular dele’. E realmente, quando peguei o celular descobri que me traía. A partir daí, parei de sorrir. Decidi na hora que me separaria”, relembrou.
Após o pedido de divórcio, Joelma também pediu uma medida protetiva à Justiça. “Durante um ano não aconteceu nada e o juiz disse que não tinha porquê manter a medida e a retirou. Eu disse: ‘Olha, não confio’. Entrei com outro pedido. Estou aguardando agora. A Natalia, minha filha mais velha, também pediu a medida”. Natalia é fruto de um relacionamento anterior de Joelma e acusou Chimbinha de abuso sexual na adolescência, além de já ter declarado em entrevistas que o guitarrista era violento com a mãe a ponto de ameaçá-la de morte. Por fim, Joelma mandou um recado para mulheres que passam por essa situação:
“Existe um certo medo, né? Não tem de ter medo. A mulher tem de falar sobre o assunto. E não pode naturalizar a agressão, não pode aceitar que é normal. Quando era criança, ia pra casa dos meus vizinhos e via que era diferente. Não tinha a violência que tinha na minha casa. Tinha é amor. E percebia que a minha casa era a exceção. A exceção ruim. É a mesma coisa com a mulher. Ela tem de saber que está vivendo a exceção ruim”. BN