Circuito Jozão: Uma homenagem ignorada há mais de 15 anos no Coité Folia

Em Conceição do Coité, o brilho da festa não deveria apagar a memória de quem ajudou a construí-la. Desde 2008, um projeto de lei aprovado por unanimidade na Câmara Municipal deu nome oficial ao circuito do Coité Folia: Circuito Jozão. A indicação foi do então vereador Roque Moto Táxi, em justa homenagem a um dos maiores entusiastas e incentivadores da micareta local — José Carneiro da Siva, o Jozão, comerciante conhecido por sua lanchonete na Rua Floriano Peixoto, a poucos metros do Mercado Municipal. A lei foi sancionada pelo então prefeito Éwerton Rios d’Araújo Filho (Vertinho)

Jozão faleceu em 1996, aos 67 anos, mas sua paixão pela festa que hoje chamamos de Coité Folia vive na memória dos que o conheceram. Segundo seu filho, o diretor do Estúdio8 TV, José Carneiro, seu pai era um verdadeiro apaixonado pela Micareme e Micareta, e colocava dinheiro do próprio bolso para contratar trios e bandas, sem nunca ocupar cargo público ou buscar holofotes. “Ele fazia pelo amor à festa, não por vaidade nem por política”, afirma.

Apesar da aprovação da lei há 17 anos, o nome Circuito Jozão nunca foi usado oficialmente. Nenhum cartaz, spot publicitário ou discurso de autoridade sequer menciona a homenagem aprovada pela Câmara. Um esquecimento institucionalizado, que contrasta com o reconhecimento dado em outras cidades baianas. Em Salvador, o carnaval reverencia figuras como Dodô e Osmar com os nomes dos circuitos. Em Feira de Santana, a Micareta — que este ano ocorre na mesma data do Coité Folia — carrega com orgulho o nome Circuito Maneca Ferreira.

A parada de trios em frente a lanchonete de Jozão era obrigatória

Em Coité, no entanto, o nome de Jozão permanece no silêncio, como se sua contribuição fosse invisível. O Calila Notícias chegou a mencionar em reportagens o “Circuito Daudeth Santana”, outro nome importante na história da música local, porém, o projeto de lei referente a Daudeth previa apenas a criação de um troféu em sua homenagem, a ser entregue anualmente na Câmara no Dia do Músico.

Para José Carneiro, o silêncio é doloroso. “Gostaria muito de ouvir o nome do meu pai ser lembrado no circuito da folia. Ele foi um dos grandes investidores da festa. Fez o que muita autoridade nunca fez. E tudo com amor pela cidade e pela cultura”, lamenta.

A pergunta que fica é: por que Conceição do Coité esquece seus heróis? A memória de Jozão não pertence a uma família apenas, mas a toda uma cidade que dança, canta e celebra nas ruas por onde ele tanto sonhou em ver a alegria passar.

Está mais do que na hora de fazer justiça. E que o Circuito Jozão saia, enfim, do papel para entrar na história — onde ele já deveria estar.

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