Um estudo recente, publicado no JAMA Ophthalmology em 30 de janeiro, investigou nove casos de perda parcial da visão em indivíduos que utilizavam semaglutida e tirzepatida, os componentes ativos de medicamentos como Ozempic e Mounjaro. Embora uma ligação causal direta não tenha sido comprovada, os pesquisadores apontam para a coincidência temporal entre o uso dos fármacos e o surgimento das complicações visuais. A hipótese levantada é que a rápida normalização dos níveis de glicose no sangue, promovida por esses medicamentos, poderia estar relacionada aos problemas oculares.
A investigação foi conduzida por uma equipe de oftalmologistas e neurologistas da Universidade de Utah, em Salt Lake City, com a colaboração de pesquisadores de outras cinco instituições universitárias e hospitalares. Os participantes do estudo tinham uma idade média de 57 anos, variando entre 37 e 77 anos, sendo cinco mulheres e quatro homens.
Dentre os pacientes avaliados, sete receberam o diagnóstico de neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NAION). Esta condição é caracterizada pela perda súbita de visão, que pode ocorrer de forma abrupta, e afeta predominantemente pessoas acima dos 50 anos.
O estudo descreve casos como o de uma mulher na faixa dos 50 anos, portadora de diabetes tipo 2, que relatou perda de visão no olho esquerdo um dia após a aplicação da primeira dose de semaglutida. A visão foi recuperada após a suspensão do tratamento por dois meses. Outra paciente, com cerca de 30 anos, percebeu o aparecimento de sombras na visão do olho direito poucos dias após iniciar o uso do medicamento.
Hipótese dos pesquisadores e controvérsias
Os autores do estudo sugerem que a redução acelerada dos níveis de açúcar no sangue, induzida pela semaglutida e tirzepatida, pode causar danos aos vasos sanguíneos dos olhos, resultando em problemas de visão. "Acreditamos que é a correção rápida da hiperglicemia, e não um possível efeito tóxico dos medicamentos, que poderia estar associada às complicações relatadas", afirmam os pesquisadores.
Apesar de não estabelecer uma relação causal definitiva entre os medicamentos e as complicações oftálmicas, o estudo destaca, segundo seus autores, a necessidade de investigações adicionais sobre os casos reportados.
O educador físico Guto Galamba, especialista em tratamentos para obesidade e emagrecimento, manifestou críticas ao estudo. Em uma postagem em suas redes sociais, Galamba comentou que "a indústria frequentemente contratava cientistas e médicos para emitir opiniões que contradiziam as evidências científicas existentes, além de patrocinar pesquisas que não apresentavam resultados conclusivos ou que sugeriam que os riscos eram superestimados", veja o vídeo:
Bahia Notícias