O agronegócio brasileiro pode ser diretamente impactado caso Donald Trump não revogue a decisão de impor tarifas de importação sobre produtos estrangeiros anunciada para entrar em vigor em 1º de agosto.

Segundo levantamento da Charles Schwab e da Bloomberg, o Brasil é o país com maior aumento de tarifa entre os listados, subindo de 10% para 50%. A medida, anunciada para entrar em vigor em 1º de agosto, não foi aplicada ainda, mas já causa forte reação entre analistas, mercado e investidores.

As exportações de carne, café, suco de laranja, açúcar, etanol e demais itens de origem vegetal estão entre os mais expostos aos efeitos da nova tarifa.

Segundo a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), esses segmentos respondem por uma parcela significativa das trocas comerciais com os Estados Unidos, e uma taxação tão elevada pode comprometer seriamente a capacidade do Brasil de competir no mercado americano.

Países afetados pelas novas tarifas de Trump

País Tarifa em 2 de abril Tarifa anunciada para 1º de agosto
Brasil 10% 50%
Myanmar 44% 40%
Laos 48% 40%
Tailândia 36% 36%
Camboja 49% 36%
Canadá 25% 35%
Sérvia 37% 35%
Indonésia 32% 32%
União Europeia 20% 30%
México 25% 30%
Bósnia e Herzegovina 35% 30%
Argélia 30% 30%
Iraque 39% 30%
Líbia 31% 30%
Sri Lanka 44% 30%
África do Sul 30% 30%
Moldávia 31% 25%
Brunei 24% 25%
Tunísia 28% 25%
Cazaquistão 27% 25%
Malásia 24% 25%
Japão 24% 25%
Coreia do Sul 25% 25%
Vietnã 46% 20%
Filipinas 17% 20%
Charles Schwab e Bloomberg

Como a taxação afeta o agronegócio brasileiro?

Os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações do agronegócio brasileiro, atrás apenas da China. Produtos como:

  • Soja e derivados
  • Carnes bovina e de frango
  • Milho
  • Café
  • Frutas e sucos

…têm peso relevante na balança comercial com os EUA.

Com uma tarifa de 50%, esses alimentos chegam muito mais caros ao consumidor americano, o que abre espaço para concorrentes de países com acordos comerciais mais favoráveis.

Empresas do agro na bolsa de valores podem ser impactadas

 

Companhias como JBS, Marfrig, BRF, Minerva e SLC Agrícola, que têm parte da receita vinda de exportações aos EUA, podem sofrer pressão nos lucros e até na precificação de suas ações, caso a tarifa entre em vigor.

O investidor já observa os riscos geopolíticos como um dos principais fatores de incerteza para o segundo semestre de 2025.

Relação comercial entre Brasil e EUA sob tensão

A decisão de Trump, mesmo antes de ser oficializada, já gera reações no Itamaraty e no setor produtivo. A possível entrada em vigor da tarifa pode levar a retaliações comerciais, realinhamento de acordos e mudança nas rotas de exportação brasileiras.

O aumento da tarifa para 50% coloca o Brasil em uma situação desfavorável no comércio com os EUA, prejudicando diretamente o agronegócio, que é um dos motores da economia nacional. A busca por novos mercados e acordos bilaterais será essencial para manter a competitividade.

Fonte: Melhor Investimento