Estados anunciam medidas por conta própria para socorrer empresas afetadas por tarifaço de Trump

Os Estados mais impactos pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil começaram a anunciar medidas de socorro às empresas afetadas por conta própria, às vésperas de a taxação de 50% sobre os produtos importados pelos norte-americanos entrar em vigor, no dia 1º de agosto.

As medidas incluem a concessão de crédito para empresas de diferentes setores que vendem para os Estados Unidos e temem inviabilizar negócios no Brasil e até suspender atividades e demitir funcionários. Os setores impactados vão desde o suco de laranja até aeronaves. O governo federal também prometeu socorrer empresas, mas decidiu esperar pelo “Dia D” para bater o martelo sobre as ações, como mostrou o Estadão.

Os governadores também querem chamar o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), para uma reunião no Fórum dos Governadores. O objetivo é discutir o impacto das tarifas nos Estados brasileiros.

“Cada Estado vai mostrar os seus impactos, e queremos formar uma comissão para acompanhar as negociações. É hora de agir com diálogo e união para proteger empregos, renda e a população, que é quem mais sofre”, disse o coordenador do fórum e governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), nas redes sociais após se reunir com Alckmin.

• Governo de São Paulo libera crédito para fazer capital de giro nas empresas
• Ceará é o Estado que mais depende de exportações para os EUA; governador recorre a Alckmin
• Paraná aponta impacto para setores como madeira e cerâmica e anuncia pacote de crédito
• Rio de Janeiro cria grupo de trabalho para estudar medidas
• Rio Grande do Sul lança programa de crédito com R$ 100 milhões a exportadores
• Espírito Santo estuda medidas de curto e médio prazos

Governo de São Paulo libera crédito para fazer capital de giro nas empresas

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), lançou uma linha de crédito com juros subsidiados para exportadores paulistas, conforme a Coluna do Estado antecipou. A linha de crédito “Giro Exportador” disponibilizará R$ 200 milhões com taxas de juros a partir de 0,27% ao mês mais a inflação. O prazo para pagamento é de até 60 meses, com carência de até 12 meses inclusa nesse período. Cada cliente pode financiar até R$ 20 milhões.

Estão em São Paulo algumas das maiores empresas afetadas, como a Embraer, que estima um custo adicional de R$ 50 milhões por avião por conta da tarifa, e o setor do suco de laranja, com a produção liderada pelo Estado.

“Se a gente não botar a bola no chão, não agir com adulto e não resolver o problema, quem vai perder é o Brasil e a consequência virá. E aí nós vamos trabalhar para que a consequência não venha”, disse Tarcísio durante um evento da XP Investimentos, em São Paulo, no sábado, 26.

O financiamento será dado pela Desenvolve SP, agência de fomento do Estado. Outra medida anunciada por Tarcísio é a liberação de créditos do ICMS acumulados por empresas exportadoras, que ficam retidos no sistema tributário do Estado e que serão devolvidos às companhias. O impacto dessa parte pode atingir R$ 1 bilhão. O governo ainda prometeu ampliar o Fundo Garantidor no Estado, que possibilita acesso ao crédito com menos exigência de garantias.

Ceará é o Estado que mais depende de exportações para os EUA; governador recorre a Alckmin
São Paulo é o Estado que mais vende aos Estados Unidos, mas, em termos proporcionais, o mais impactado é o Ceará. No primeiro semestre deste ano, mais da metade do que o Ceará exportou teve como destino o país norte-americano. Em todo o ano passado, os EUA representaram 44,9% das exportações do Ceará, sobretudo por conta do aço e dos pescados.

O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), irá a Brasília na terça-feira, 29, com uma comitiva de empresários e se reunirá com o vice-presidente e ministro da Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, coordenador do grupo que estuda medidas em resposta ao tarifaço de Trump no governo Lula (PT).

“Temos absoluta preocupação com os empregos que isso representa, com o pescado que está em contêiner, estamos discutindo que solução podemos dar, da mesma maneira com a castanha de caju, com a cera de carnaúba”, disse o governador cearense no sábado, 26. Ele citou o caso da ArcelorMittal, que representa metade das cargas movimentadas no Porto do Pecém e 78% do que exporta vai para os EUA.

O Ceará não anunciou nenhuma medida específica, mas estuda alinhar um plano de ação com o governo federal. Uma das possibilidades é também liberar créditos do ICMS para exportadores, mas há cobranças para que o governo federal repasse recursos ao Estado para compensar esses créditos retidos, como prevê a Lei Kandir, o que é tema de uma disputa histórica entre os governos estaduais e a União.

“Esse é um dos assuntos que vamos tratar com o vice-presidente Alckmin. Nós achamos que é uma das medidas que pode ser debatida”, disse Elmano.

Paraná aponta impacto para setores como madeira e cerâmica e anuncia pacote de crédito
No Paraná, o governador Ratinho Júnior (PSD) anunciou um pacote que inclui a liberação de créditos do ICMS para que as empresas vendam esses valores no mercado ou usem como aval para novos empréstimos.

O governo estadual também estuda beneficiar exportadores com uma renegociação de empréstimos na Fomento Paraná e no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e fazer um aporte no Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE) para novos empréstimos com juros mais baixos. Outra medida é deixar de exigir todas as contrapartidas de empresas que receberam benefícios tributários ao se instalarem no Estado.

As tarifas anunciadas por Donald Trump impactam principalmente o setor de madeira no Paraná, que vendem desde de madeira cerrada até painéis prontos para os norte-americanos, mas também afeta fabricantes de cerâmica, café solúvel, peças para máquinas, peixes e mel. “Tem cidade aqui que metade da economia depende de uma fábrica que é exportadora para os Estados Unidos”, disse o secretário da Fazenda, Norberto Ortigara, ao Estadão, ao citar o caso de Bituruna (PR).

Todas as medidas em estudo se restringem a empresas que vendem para os Estados Unidos e forem afetadas. Só em financiamentos, o Estado pretende usar R$ 80 milhões do seu orçamento para alimentar linhas de crédito, que podem chegar a R$ 400 milhões.

Fonte: Daniel Waterman/Estadão Conteúdo

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