Importadores brasileiros de óleo diesel estão começando a buscar alternativas para substituir o diesel russo devido à pressão dos Estados Unidos e da Otan (aliança militar ocidental) por causa da guerra e por causa de um aumento gradual de preços implementado por Moscou no Brasil. O movimento dos empresários contraria a política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que tenta se aproximar cada vez mais do ditador Vladimir Putin.
Nesta segunda-feira (28), o presidente americano Donald Trump ameaçou reduzir o prazo inicial de 50 dias para entrada em vigor das sanções internacionais secundárias contra parceiros comerciais da Rússia. Trump havia anunciado em 14 de julho que vai impor tarifas de 100% para países que fizerem negócios com a Rússia enquanto o ditador Vladimir Putin não aceitar negociar um cessar-fogo na Ucrânia.
Em 2024, o Brasil foi o segundo maior comprador de diesel russo do planeta, gastando R$ 38 bilhões, segundo o think tank finlandês Centre for Research on Energy and Clean Air (CREA). O país só ficou atrás da Turquia, que revende o produto para outros países.
A compra do diesel russo pela Petrobras e por importadores privados havia aumentado exponencialmente desde 2022, quando Moscou passou a vender o combustível a preços muito mais baixos que os de mercado para países em desenvolvimento com o objetivo de financiar a invasão militar à Ucrânia.
“O desconto do diesel russo hoje não é tão relevante, mas existe”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo. Segundo ele, no início da guerra o desconto chegou a US$ 0,15 por galão e atualmente é de aproximadamente US$ 0,03.
O presidente americano Donald Trump vem se frustrando com a negativa de Moscou de negociar um cessar-fogo. Ele começou a pressionar a Rússia no último dia 14 com as sanções secundárias a parceiros comerciais do Kremlin. Logo depois, no último dia 15, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse que países como Brasil, China e Índia podem ser taxados em 100% no comércio com os Estados Unidos se continuarem as importações. Citando Lula, ele falou que os líderes desses países deveriam telefonar para Putin e convencê-lo a aceitar um cessar-fogo.
O presidente brasileiro vem sendo um dos maiores apoiadores internacionais de Putin. Mesmo antes de assumir seu terceiro mandato, Lula relativizava a guerra na Ucrânia – afirmando que os ucranianos, que foram atacados, eram tão culpados pela guerra quando os russos. Ele apoiou o Clube da Paz, uma proposta de solução do conflito que sugeria condições favoráveis a Moscou e vetou uma venda bilionária de blindados ambulância para serem usados no transporte de feridos e civis ucranianos.
Além disso, Lula vem apoiando a criação de ferramentas de pagamento global, como o Brics Pay, que podem enfraquecer o dólar e ajudar a Rússia a driblar as sanções internacionais deflagradas com a invasão da Ucrânia.
Nesta semana, o líder da oposição na Câmara, deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), afirmou que o governo Lula se apoia “perigosamente ao eixo do mal”. “Financia com a compra de petróleo russo a guerra contra a Ucrânia, se alinha com ditaduras, ignora as sanções dos Estados Unidos, desafia o Ocidente democrático e abre as portas para o isolamento sem precedentes. E quem é que vai pagar essa conta? O povo brasileiro, claro”, disse.
Segundo Zucco, as sanções comerciais americanas já começam com prejuízo econômico certo e perda de credibilidade internacional evidente. Neste mês, o presidente americano Donald Trump justificou tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto, também como uma resposta à forma como o Brasil, segundo ele, tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) denominando de perseguição política.
Essas tarifas de 50% mencionadas por Zucco são o tarifaço endereçado especificamente ao Brasil por razões políticas e comerciais e não estão relacionadas diretamente ao comércio com a Rússia. Ou seja, há duas ameaças diferentes dos EUA de aumentar as tarifas comerciais com o Brasil.
Fonte: Gazeta do Povo