A francesa D. L., de 26 anos, morou por pouco mais de um ano em São Paulo, trabalhando em uma multinacional com um contrato que iria até o fim de março. Após voltar das férias na França, descobriu que estava grávida de um relacionamento casual e decidiu abortar em seu país. No dia 29 de janeiro, quando estava grávida de seis semanas, a jovem contou sua história com a condição de não ser identificada e de que a reportagem só fosse publicada após sua saída do Brasil, em meados de fevereiro. Já na França, ela disse que a interrupção da gravidez foi feita e que está bem de saúde. A questão da ilegalidade do aborto no Brasil é a raiz de uma nova polêmica nos últimos dias devido à notícia de que uma jovem de 19 anos foi denunciada à polícia pelo médico de um hospital em São Bernardo Campo (SP) após ser atendida em decorrência de ter feito um aborto, como noticiou o jornal "Folha de S. Paulo". Ela pagou fiança de R$ 1 mil e responderá em liberdade, segundo reportagem de "O Globo". Se condenada, poderá pegar 3 três anos de prisão. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo abriu sindicância para apurar o caso, já que o Código de Ética Médica diz que é vedado ao profissional “revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente”. A francesa D.L. chegou a considerar se submeter ao procedimento ilegalmente no Brasil, mas preferiu voltar para o seu país dois meses antes do previsto para passar pela cirurgia no sistema público de saúde local. Na França, o aborto é legal desde 1975 e permitido até as 12 semanas (três meses) de gestação.
