Olhar-se no espelho e não se reconhecer na imagem fez com que Maite Schneider, que recebeu dos pais o nome de Alexandre ao nascer, realizasse 14 cirurgias para mudar de sexo. Duas delas a expuseram ao perigo. Na primeira, tentou retirar sozinho os testículos. Na segunda, foi e voltou do Paraguai no mesmo dia em uma nova tentativa de eliminar o órgão. Aos 43 anos, Maite olha para o passado e agradece por ter sobrevivido. Para ela, ainda que timidamente, o país tem avançado quando se fala em transexualidade. Em especial, a partir de 2008, quando o Sistema Único de Saúde (SUS) começou a atender aqueles que optaram pelo processo transexualizador. “Para quem está vivendo esse processo de mudança parece um caminho muito lento, mas em termos de evolução do que a gente não tinha e está conseguindo ter é uma grande conquista”, avaliou a transexual que vive em Curitiba e trabalha com depilação. Em todo o Brasil, até 2014, o SUS realizou 6.724 procedimentos ambulatoriais e 243 procedimentos cirúrgicos em cinco serviços habilitados no processo transexualizador. Apenas, cinco hospitais, contudo, estão credenciados para a relização do procedimento pelo SUS, segundo o Ministério da Saúde.