O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, vai disparar nesta semana alertas a bancos, empresas e outras instituições financeiras para que passem a comunicar qualquer movimentação atípica envolvendo servidores públicos. Também integram o "grupo de risco" do Coaf agências de turismo, postos de gasolina que realizam factoring (negociação de créditos), empresas de comércio exterior - em razão de remessas ilegais -, importadores de produtos que podem ser usados para produzir drogas, sites de vendas de internet, movimentações de cartões de benefícios - pelos quais pode-se praticar agiotagem -, contas bancárias de estudantes - pelas quais pode circular dinheiro do tráfico -, além de prefeituras que contratam shows sem licitação. A atenção redobrada sobre servidores e postos de gasolina, por exemplo, se deve à experiência adquirida com a Operação Lava Jato. Isso porque foi a partir de suspeitas sobre as movimentações financeiras de um posto de combustível de Brasília que a Polícia Federal (PF) conseguiu desbaratar o megaesquema de lavagem de dinheiro e corrupção na Petrobras. Localizado a três quilômetros do Congresso Nacional, o Posto da Torre era um dos postos de combustíveis que realizavam factoring. E serviu, segundo as investigações, de base de pagamento de propinas. A operação da PF, inclusive, foi batizada de Lava Jato por causa desse posto. Servidores públicos ou ligados a estatais também são protagonistas do escândalo. Funcionários da Petrobras, como Pedro Barusco e Paulo Roberto Costa, movimentaram milhões dentro e fora do país a partir de desvios em contratos da companhia.
