A crise generalizada da economia brasileira já chegou ao setor de autopeças. Quem tem carro já sentiu no bolso o valor, por muitos considerados alto, de peças de reposição para carros novos e não tão novos. A indústria brasileira de autopeças deverá faturar R$ 67,9 bilhões neste ano, o que representa queda real de 16,6% em relação aos R$ 76,7 bilhões estimados em 2014. A previsão é do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), divulgada nesta segunda-feira, dia 6. A Tribuna visitou a região da Baixa de Quintas, onde existe o maior número de lojas de peças de automóveis por metro quadrado na capital, e conferiu a retração do mercado, apesar do bom movimento nos balcões neste início de mês apontar para uma pequena aceleração nas vendas, principalmente de amortecedores, devido à queda de muitos carros em buracos durante as últimas chuvas. “Nos primeiros meses do ano houve realmente uma retração nas vendas. Mas, a expectativa é de que daqui pra frente melhore, principalmente a saída de peças de reposição de carros semi-novos”, acredita Arlete Amorim, coordenadora de vendas de uma das maiores lojas do setor na área. O consumidor, por sua vez, demonstra que não está satisfeito com os preços e põe literalmente o pé no freio na hora de gastar. “Tá tudo muito caro, principalmente peças da Ford. A gente ta sofrendo. Comprei um kit de amortecedores por R$ 215 e ainda vou pagar em torno de R$150 para instalar. Infelizmente manutenção de veículo hoje é algo do qual a gente tem de fugir. Mas tem coisas que não dá pra escapar e temos que assumir, já que não dá pra vender o carro e ficar sem ele”, considerou o agrônomo Júlio Alencar, enquanto adquiria as peças. O motorista Genival Borges também prefere comprar peças em casas como as situadas na Baixa de Quintas, evitando as concessionárias, pelo fato de, apesar da alta dos preços, estas ainda venderem mais em conta. “Nelas encontramos variedade e peças inferiores sem muita diferença de valor com relação as originais”, atesta. A prova de que a procura maior do consumidor pelo conserto do carro usado está no número de pessoas que circulam nas lojas buscando peças de reposição no local. “Com a queda nas vendas dos carros novos tem sido sempre assim, principalmente aos sábados quando é quase impossível estacionar na área. É muita gente se queixando dos preços, mas que não para de pesquisar e comprar peças para o carro semi-novo”, comentou um vendedor que preferiu não se identificar. O mecânico Vivaldo Almeida, dono de um carro Voyage-2012, estava exatamente com este objetivo: “Estou comprando um paralama original por R$115. De qualquer forma é melhor do que mandar recuperar. Vou pagar uns R$100, pela mão de obra”, relatou com ar de satisfeito. LEIA MAIS...
Queda nas vendas gira em torno de 30% - Para o gerente de loja Wellington Dantas a queda nas vendas entre o início do ano e o final do último mês foi em torno de trinta por cento. Mas agora a tendência é começar a sair peças, principalmente as mais baratas, não originais, genéricas. Suspensão, barra de direção, embreagem são as peças que estão mais saindo agora e acho que é por causa das chuvas, muita gente caiu em buracos e no prejuízo”, declarou. De acordo com o presidente do sindicato, Paulo Butori, será o menor faturamento pelo menos dos últimos 10 anos. Se levado em conta o faturamento em dólar, projetado em US$ 21,8 bilhões, o recuo será ainda maior, de 33,2%. Conforme Emílio Gonzales, responsável pela área de peças e acessórios da Retirauto, a crise econômica no momento afeta a venda de veículos novos. “Quem não tem dinheiro para comprar um carro novo, trocar, procura conserta o seu, dá uma levantada. No primeiro trimestre a gente não sentiu bastante impacto na crise, o movimento foi praticamente normal. Mas o dinheiro já começa a faltar até para a manutenção do carro, que é sempre necessária. Vendemos disparado lubrificantes, filtros, correias, fora os itens de colisão. Nós trabalhamos com a tabela da fábrica, que em 2014 teve um aumento acumulado de 8%. Este ano já registramos um reajuste acumulado de quase 4% de peças de reposição em geral”, disse. Emílio recentemente andou conversando com colegas de outras concessionárias que confirmaram que o mês de abril a as vendas do carro novo caíram em média 20%. “O nosso setor de peças não era muito afetado, mas se o dinheiro sumir do mercado as pessoas vão parar de andar de carro, deixar o carro na garagem e andar de transporte público”, acredita.
Queda nas vendas gira em torno de 30% - Para o gerente de loja Wellington Dantas a queda nas vendas entre o início do ano e o final do último mês foi em torno de trinta por cento. Mas agora a tendência é começar a sair peças, principalmente as mais baratas, não originais, genéricas. Suspensão, barra de direção, embreagem são as peças que estão mais saindo agora e acho que é por causa das chuvas, muita gente caiu em buracos e no prejuízo”, declarou. De acordo com o presidente do sindicato, Paulo Butori, será o menor faturamento pelo menos dos últimos 10 anos. Se levado em conta o faturamento em dólar, projetado em US$ 21,8 bilhões, o recuo será ainda maior, de 33,2%. Conforme Emílio Gonzales, responsável pela área de peças e acessórios da Retirauto, a crise econômica no momento afeta a venda de veículos novos. “Quem não tem dinheiro para comprar um carro novo, trocar, procura conserta o seu, dá uma levantada. No primeiro trimestre a gente não sentiu bastante impacto na crise, o movimento foi praticamente normal. Mas o dinheiro já começa a faltar até para a manutenção do carro, que é sempre necessária. Vendemos disparado lubrificantes, filtros, correias, fora os itens de colisão. Nós trabalhamos com a tabela da fábrica, que em 2014 teve um aumento acumulado de 8%. Este ano já registramos um reajuste acumulado de quase 4% de peças de reposição em geral”, disse. Emílio recentemente andou conversando com colegas de outras concessionárias que confirmaram que o mês de abril a as vendas do carro novo caíram em média 20%. “O nosso setor de peças não era muito afetado, mas se o dinheiro sumir do mercado as pessoas vão parar de andar de carro, deixar o carro na garagem e andar de transporte público”, acredita.
Situação pontual - Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, a crise pela qual passa o setor automotivo nacional é “conjuntural” e “pontual”. Durante fala na abertura do VI Fórum da Indústria Automobilística, na capital paulista, ele previu que, após enfrentar um primeiro trimestre extremamente difícil, o setor pode ter uma retomada no segundo semestre do ano. Ele reconheceu que o Brasil poderá terminar 2015 como o quinto maior mercado automotivo vendedor do mundo e não como quarto, como em 2014. Para ele, mesmo que caia no ranking, a quinta colocação ainda é importante. Na oportunidade, o executivo defendeu que, diante do dólar mais valorizado ante o real, é preciso incentivar a cadeia de autopeças nacional, pois, caso contrário, será mais fácil importar. Mas, diante do cenário difícil desta cadeia, as montadoras demitiram cerca de 10 mil funcionários em 2014 e o setor de autopeças em torno de 19 mil funcionários ao longo do mesmo período.
