O FaceGlória, o “Facebook evangélico”, concluiu a preparação das regras que nortearão o uso da rede social, que incluem a exigência de o usuário ser cristão e insta os participantes a denunciarem “condutas inaceitáveis”. Para evitar que essas normas sejam violadas, o site mantém uma equipe que vai chegar a 14 pessoas excluindo “conteúdos pornográficos, imagens de beijos gay, ataques a pastores como o Marcos Feliciano e agressões a evangélicos”, segundo afirmou ao G1 um dos criadores do portal, Acir Santos (PSDB), prefeito de Ferraz de Vasconcelos e membro da Congregação Cristã do Brasil, nesta última semana. Santos explica que os termos de uso e a política de privacidade do site só foram publicadas após o lançamento do site porque a rede social estava prevista para ir ao ar apenas em outubro. Usar a Marcha para Jesus, realizada em São Paulo no começo de junho, como vitrine adiantou os planos. Os termos possuem conotação moral, ausentes das regras de outras redes sociais, como Facebook e Twitter, que só traçam os limites de ação dos usuários dentro do site. “Eu sou da Congregação Cristã do Brasil há 40 anos. Eu já tenho um perfil com certo conservadorismo. Nós evangélicos tivemos no Facebook um certo preconceito contra. As pessoas pensam que o evangélico é uma pessoa pobre da periferia. Mas essa realidade já mudou. Além disso, há um excesso de liberdade que culminava em postagens com desrespeitos ao princípios familiares, por isso o FaceGloria tem esses princípios restritivos.” Um dos tópicos desses termos é a exigência de o aspirante a usuário ser cristão para entrar no site. Questionado pelo G1, Santos admite ser impossível atestar o credo de cada usuário. “Na verdade, não tem como fazer essa certificação”, diz. Para preencher essa lacuna, as regras do FaceGlória pedem aos usuários que denunciem condutas indevidas. Uma ferramenta para receber os avisos será instalada em breve ao lado de cada postagem do site. A análise será feita por uma equipe, que já começou a trabalhar, composta por 14 pessoas. Após o G1 noticiar que o FaceGlória vetaria imagens de beijo gay mas liberaria a de mulheres usando biquíni, a rede social, diz Santos, foi inundada de usuários “fake”. “Provocou a galera”, diz. “A questão de não ter beijo gay atiçou eles [homossexuais] ainda mais.” “Quem mais tem atacado o site são gays e alguns satanistas. Existe essa seita no Brasil. Eles existem para valer e eles vem para cima.” Ainda na onda de estabelecer quais são os princípios que norteiam o site, o site irá exibir imagens do que, segundo Santos, é uma família. “Para o FaceGlória, um homem mais uma mulher é igual a uma família.” Fotos de dois homens abraçados poderão ser denunciadas? “Os usuários é quem vão ter esse termômetro”, diz. “De repente, são dois primos ou dois irmãos.” Para ampliar o conhecimento dos fiéis sobre o site, panfletos serão distribuídos em igrejas evangélicas. Esse esforço se soma ao apoio de celebridades do mundo gospel, como as cantoras Aline Barros, Bruna Karla e Soraya Moraes, além de líderes religiosos como o ex-senador Marcello Crivella (PRB) e Valdemiro Santiago. “O FaceGlória não vem para ser pequeno, mas para dar trabalho ao Facebook.”
