Radicada no interior de Gramado, na serra gaúcha, a família Dias aguarda com expectativa uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2013, o comerciante Moisés Pereira Dias, de 37 anos, e a mulher Neridiana, de 36, decidiram tirar a filha mais velha da escola e educá-la em casa, por conta própria. Tiveram de entrar com várias ações na Justiça por conta disso. Agora, os ministros do STF vão decidir se eles – e todos os brasileiros – têm ou não esse direito. Não há data marcada para o julgamento. A família Dias é adepta do chamado ensino domiciliar, no qual o aluno não frequenta escolas formais e estuda em casa, sob orientação dos pais ou responsáveis. Mais difundida nos Estados Unidos, onde é chamada de “homeschooling”, a prática é adotada por cerca de 2,5 mil famílias atualmente no país, segundo dados da Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned). A decisão final do STF pode ser um passo importante para regulamentar de vez o ensino domiciliar. Os ministros vão decidir se a educação caseira pode ou não ser proibida pelo Estado. A decisão vai valer para todos os casos semelhantes. “Não somos contra a escola. Ela é válida para pais que não tomam para si a responsabilidade de educar os próprios filhos. No nosso caso, temos uma preocupação em formar cidadãos que possam ser úteis para a sociedade, seja um mecânico, seja um médico", diz Moisés. O casal de Gramado tem quatro filhos: Valentina (14 anos), João Pedro (8), Isabela (5) e Ana Clara (3). Apenas a caçula não estuda em casa com os pais porque ainda não tem idade. A filha mais velha foi a única que chegou a frequentar uma escola formal em Canela, o município vizinho. Após concluir o sexto ano do ensino fundamental, ela deixou a escola e nunca mais colocou os pés em uma sala de aula.
