A despeito de o Brasil continuar sendo o terceiro maior mercado mundial de cosméticos, atrás apenas dos Estados Unidos e da China, aumento de impostos e de taxas, inclusive da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do Ibama, aliados à alta do dólar, têm provocado uma vertiginosa subida de preços dos produtos, em alguns casos específicos chegando a quase 100%. Na Bahia, mais especificamente em Salvador, as lojas de produtos de beleza sentem o impacto de tais aumentos de preços, e chegam mesmo a restringir ou acabar com a venda de alguns itens importados, neste caso precisamente em função do dólar. Em uma das lojas mais conhecidas da cidade, o Forte da Beleza, no Forte de São Pedro, funcionários que preferiram não se identificar dizem que os aumentos são de tal forma contínuos que “enquanto sequer acabamos de vender um produto recém-comprado, o seu preços já aumentou, e muito, no fornecedor.” Aqueles que operam no mercado de cosméticos em Salvador seguem afirmando que um dos maiores motivos para a alta de preços são os impostos e taxas “e isso é muito ruim para nosso comércio, pois não queremos afastar clientes. Além disso, muitas vezes sofremos até agressões verbais de clientes, pois acham que somos nós que estamos reajustando os preços.” Gisele Costas da Silva, que costuma pintar regularmente o cabelo, afirma eu sempre usou o produto Dedicace, a Loreal. Ela conta que “até o início do ano passado, pagava cerca de R$ 17 por uma embalagem da tintura. Hoje, está custando em torno de R$ 31, ou seja, quase 100% a mais. Realmente, os vendedores dos produtos confirmam que as tinturas foram os itens do setor que mais tiveram reajustes. Gecê Macedo, vice-presidente do Sndicosmetic-Bahia, entidade que congrega os empresários do setor, afirma que o aumento médio dos preços gira em torno de 10% a 15%, mas admite que alguns produtos, especificamente, podem ter subido bem mais. Ele culpa “o grande impacto” das variações cambiais a partir de 2015, já que o setor trabalha com muita matéria prima importada, além de haver produtos prontos também importados. Em relação aos impostos, ele pondera que, pelo menos na Bahia, o impacto não seria tão grande devido ao fato de haver aqui uma predominância de indústrias que operam no regime Super Simples. Mesmo assim, Gecê Macedo lembra que as taxas do governo federal, notadamente a Anvisa e do Ibama, cresceram muito e isso empurra os preços para cima. “No caso da Anvisa, a taxa aumentou em cerca de 100%”, revelou o representante do sindicato. Inclusive, ele afirma que a entidade entrou com ação na Justiça para reverter a decisão da Anvisa de cobrar esse aumento de forma retroativo: “Não pagamos isso, pois, se assim fosse, os preços estariam ainda mais altos.”

