Pouco antes de o livro de Adolf Hitler entrar em domínio público, no ano passado, a Alemanha se deparou com o dilema sobre como lidar com os escritos do homem que está no centro do capítulo mais sombrio da história do país. Nos 70 anos anteriores, o Ministério das Finanças do Estado da Baviera manteve o controle sobre os direitos autorais da obra - e, assim, impediu a republicação da notória obra antissemita Mein Kampf (Minha Luta) na Alemanha. A Alemanha tinha como opção de seguir o caminho mais liberal adotado nos EUA, no Reino Unido, Canadá e Israel, que deixam a sociedade civil lidar com o Mein Kampf . Outra opção era fazer como a Áustria e outros países no passado, proibindo o livro de Hitler. Mas a Alemanha rejeitou ambas as opções e optou por uma abordagem altamente paternalista. O Estado da Baviera deu meio milhão de euros para o Instituto de História Contemporânea (IfZ, na sigla em alemão), com sede em Munique e parcialmente controlado pelo governo, para produzir uma edição crítica comentada do livro de Hitler. Ao mesmo tempo, disse que processaria qualquer pessoa que publicasse edições não comentadas. Mas depois, em uma reviravolta, o governo da Baviera deu a entender que havia retirado o apoio financeiro para a edição comentada, deixando o IfZ sozinho no centro da polêmica. Enquanto a data limite de janeiro de 2016 se aproximava, e, com ela, a publicação da nova versão do Mein Kampf , o instituto de Munique e autoridades do governo começaram a manifestar preocupação com possíveis consequências do lançamento. O instituto disse, na época, que seria perigoso se o Mein Kampf se tornasse um best-seller na Alemanha.

