O papa Francisco fez uma dura crítica neste domingo (10) à falta de misericórdia no mundo e se referiu ao descaso com os imigrantes, em um momento em que a Itália vive uma tragédia pelo assassinato do nigeriano Emmanuel Chidi Namdi, que solicitava refúgio ao país. "Deus está entre as crianças famintas, entre os imigrantes que tantos querem expulsar, entre os avós solitários, abandonados em asilos que ninguém vai visitar", disse o pontífice, ao celebrar a tradicional oração do Ângelus, no Vaticano. "Ao final, seremos julgados sobre as obras de misericórdia", afirmou o papa. "O Senhor poderá nos dizer: você se lembra daquela vez, no caminho de Jerusalém a Jericó? Aquele homem encontrado meio morto era eu. Você se lembra? Aquela criança faminta era eu. Se lembra? Aquele imigrantes que tantos querem expulsar era eu". Emmanuel Chidi Namdi foi morto na cidade de Fermo pelo italiano Amedeo Mancini, que o agrediu no rosto. O nigeriano tinha 36 anos e vivia na Itália com sua esposa, após fazer, em setembro, a perigosa travessia pelo Mar Mediterrâneo. Cristãos, eles fugiam do grupo fundamentalista islâmico Boko Haram, conhecido por massacres na Nigéria. Já Mancini, de 39 anos, é membro de uma torcida organizada, a Fermana, que insultou a esposa do nigeriano de "macaca africana". O imigrante, ofendido, reagiu e partiu para cima do italiano, mas acabou sendo golpeado e morreu. O funeral de Chidi Namdi está marcado para este domingo, na Catedral de Fermo, e contará com a presença da ministra Maria Elena Boschi e da presidente da Câmara dos Deputados da Itália, Laura Boldrini, além da europarlamentar e da ex-ministra Cecile Kyenge, que já foi vítima de racismo no país.
