A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o surto do vírus zika continua representando uma emergência de saúde internacional, levando em conta sua contínua expansão geográfica e o pouco conhecimento sobre seus efeitos neurológicos. A decisão foi recomendada por um comitê de especialistas da agência das Nações Unidas, que participou de uma teleconferência nesta quinta-feira para avaliar a atual situação da epidemia. "Esse evento atípico [infecção por zika] está rapidamente se tornando, infelizmente, um evento comum", declarou o presidente do comitê, David Heymann, acrescentando que as autoridades de saúde em todo o mundo devem se preparar para a chegada iminente do vírus, transmitido principalmente por mosquitos. Dada a ausência de tratamentos eficazes e de vacinas contra o zika, Heymann destacou que evitar a infecção está nas mãos da população. "As pessoas precisam assumir a responsabilidade por conta própria", disse, recomendando o uso de repelentes e roupas compridas a pessoas mais suscetíveis. A OMS também informou que ainda há lacunas consideráveis na compreensão científica sobre o zika, bem como sobre as complicações neurológicas derivadas do vírus, incluindo o nascimento de bebês com microcefalia após a infecção de mulheres grávidas. "Não temos uma resposta definitiva sobre isso", disse Peter Salama, diretor executivo de epidemias e emergências em saúde da OMS. "O risco [de gestantes com zika darem à luz bebês com microcefalia] é relativamente baixo, mas significativo." O zika se espalhou por mais de 70 países e territórios, mas é o Brasil que comporta a grande maioria dos casos de bebês com microcefalia após a infecção de gestantes. Heymann afirmou que há estudos em curso no país e que a explicação desse surto pode envolver diversos fatores, da genética à nutrição.