A Polícia Federal prendeu nove pessoas em uma operação contra uma quadrilha que teria desviado mais de R$ 640 milhões dos Correios em mercadorias. Entre os detidos estão três empresários e seis servidores públicos, alguns com cargo de coordenação na empresa. Em entrevista coletiva, o delegado Alberto Ferreira Neto explicou que os suspeitos agiam há pelo menos dois anos na cidade de São Paulo. Segundo ele, chama a atenção o padrão de vida de parte dos detidos, incompatível com os rendimentos que eles recebiam. Com salário de R$ 1,5 mil, um dos suspeitos, um operador de empilhadeira dos Correios, movimentou R$ 2 milhões em uma conta pessoal. Mais de 100 policiais participaram da Operação Mala Direta, em que foram cumpridos nove mandados de prisão, três mandados de condução coercitiva e 19 mandados de busca e apreensão, na capital e na Grande São Paulo. Foram apreendidos também 19 carros e R$ 100 mil reais em dinheiro. As investigações começaram em junho de 2015, depois de a área de segurança da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) denunciar um sistema paralelo e clandestino de postagens de boletos, revistas e malas diretas, usando a estrutura dos Correios, mas desviando os valores para outras empresas de transporte de encomendas postais. “A investigação, que contou com apoio integral da EBCT, aponta que a fraude começava com a recepção das correspondências e encomendas em sistema semelhante ao padrão, mas, ajustados com as empresas fraudadoras, os funcionários envolvidos no esquema adulteravam as pesagens, suprimiam listas de faturamento, inseriam dados falsos nos sistemas de informações e ainda adicionavam as cargas clandestinas na distribuição dos Correios, gerando um prejuízo estimado de R$ 147 milhões, em dois anos”, informou a PF, por meio de nota. A pedido da PF, os investigados tiveram todos os bens bloqueados pela Justiça. Eles responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa e associação criminosa, com penas que variam de 1 a 12 anos de prisão. Por meio de nota, os Correios informaram que a própria empresa enviou à Polícia Federal as informações sobre possíveis irregularidades em postagens de boletos, revistas e malas diretas. "Tais informações deram início às investigações da PF, que culminaram na operação realizada esta manhã. A empresa continua aprimorando seus processos de controle contra ilícitos postais e segue colaborando com as investigações", diz a empresa. (Agência Brasil)
