Moradores da comunidade de remanescente do Quilombo Rio dos Macacos, em Simões Filho (Grande Salvador), temem que a construção de um muro no entorno da Vila Naval da Marinha do Brasil (MB), no subúrbio, bloqueie o acesso ao rio que leva o mesmo nome da comunidade. O rio dos Macacos é, segundo integrantes da comunidade, um importante meio de subsistência. Eles afirmam que a Marinha está construindo um muro que impediria o acesso ao curso d’água. A Marinha não respondeu se a construção do muro impedirá ou não o acesso ao rio, mas confirmou que está sendo construída uma cercadura em torno do terreno que permanecerá sob responsabilidade dela, “como forma legítima de preservação do patrimônio da União”. Em novembro de 2015, uma portaria federal declarou como terras dos remanescentes do quilombo uma área de 301 hectares, dos quais 104 hectares foram destinados para titulação de posse – processo que, mesmo após um ano da publicação, não foi finalizado. O problema é que a demarcação não integra o rio e, desde então, moradores pedem a integração do manancial. Os outros 196 hectares permanecerão sob administração da Marinha, por serem de “interesse estratégico à defesa nacional”. Para os moradores da comunidade, cada trecho do rio, inclusive o da barragem, serve para pescar vários tipos de peixe. “Quando se trata de pescaria, não existe um ponto só. Onde vai ficando escasso, vamos mudando. A gente usa o peixe para comer ou trocar por outros alimentos”, disse o lavrador Edcarlos dos Santos, 40 anos. “A comunidade não aceita a exclusão do rio. Ninguém sentou com a gente para falar sobre isso”, acrescentou Rosemeire. (A Tarde)

