Um filtro de spam consegue funcionar mesmo sem ler o conteúdo das suas mensagens? O WhatsApp pensa que sim. Desde abril do ano passado, o aplicativo de mensagens vem lutando com sucesso contra o abuso do spam, mesmo usando criptografia de ponta a ponta na plataforma. Essa criptografia significa que ninguém - nem mesmo o WhatsApp - pode ler o conteúdo das suas mensagens, com exceção do destinatário. No entanto, essa maior privacidade pode levantar questões sobre a detecção de spam. Se o WhatsApp não pode escanear suas mensagens em busca de conteúdo suspeito, como anúncios de Viagra barato, por exemplo, então como poderá filtrá-los de forma efetiva? “Na verdade, nós não vemos isso como um grande problema. Reduzimos o spam em cerca de 75% desde que adotamos a criptografia de ponta a ponta”, explica o engenheiro de software do WhatsApp, Matt Jones. Saiba mais...
Os mecanismos de detecção de spam funcionam ao buscar em tempo real por comportamentos incomuns dos usuários, explicou Jones durante sua apresentação no evento USENIX Enigma 2017. Por exemplo, o WhatsApp vai analisar há quanto tempo um suspeito de enviar spam está registrado no WhatsApp ou quantas mensagens ele enviou nos últimos 30 segundos. Para detectar quais atividades podem ser maliciosas, o WhatsApp vem estudando o comportamento de spammers que já foram banidos da plataforma, diz Jones. Isso ajudou o WhatsApp a aprender seus truques sobre o assunto. Então a empresa fica de olho em padrões reveladores, como evidência de que um agente malicioso estava rodando um script de computador para enviar um grande volume de mensagens no WhatsApp. O WhatsApp também fica de olho na “reputação” dos provedores de Internet e mobile que estão entregando as mensagens do suspeito, diz o engenheiro. Isso inclui examinar a rede e os números de telefone para determinar se o WhatsApp bloqueou rotineiramente outros spammers a partir das mesmas fontes no passado. Na luta contra o spam, o WhatsApp também possui uma vantagem essencial contra plataformas como o e-mail. Para se registrar no aplicativo, os usuários precisam fornecer um número de telefone. Isso pode ser um problema para os spammers. “Se nós tornarmos as coisas caras para os spammers, então o modelo de negócios deles não irá funcionar”, segundo Jones. Situações improváveis, como um usuário com um número de telefone de repente se conectando com uma conexão de Internet na Índia, também farão os alarmes tocarem. Mas a detecção de spam não é perfeita e pode resultar em erros. Por exemplo, usuários que estejam viajando para fora de seu país podem ser marcados como suspeitos. O aplicativo também adota uma abordagem mais restrita contra suspeitos. Em vez de tentar filtrar o spam, o app bloqueia a conta de onde as mensagens estão sendo enviadas, diz Jones. Para os spammers, isso significa um rápido chute do serviço. Mas para os usuários legítimos pode significar um banimento injusto e a necessidade de apelar junto ao app. No entanto, aponta o engenheiro, o WhatsApp trabalha em novas medidas para acabar com essas possíveis confusões.
