Os jovens de hoje em dia estão tendo que aprender a lidar com a ansiedade e a sobrecarga da vida universitária. As cobranças do ensino superior angustiam os novos universitários e é preciso determinação para seguir a vida acadêmica. Em uma roda com nove estudantes, dois deles revelaram em entrevista ao UOL que pediram o trancamento do semestre por motivos psicológicos. "Eu estou com o meu laudo aqui na mão, vou até a secretaria daqui a pouco", contou um jovem que pediu anonimato. Segundo ele, estava difícil aguentar a carga por sofrer de ansiedade. Ele disse ainda que não conseguiria aproveitar os créditos das matérias que já havia cursado --o trancamento se referia ao semestre anterior. As disciplinas não entrariam em seu currículo, o que é uma possibilidade na UFABC (Universidade Federal do ABC). Os motivos para que a ansiedade se instale são comuns a maioria dos jovens. Em alguns casos chega à depressão.
Os estudantes afirmam que a cobrança acadêmica da vida universitária é alta: muito conteúdo, trabalhos e provas. Boa parte deles também faz jornada dupla, seja porque trabalham, seja porque fazem mais uma graduação.
Segundo o UOL, o problema de ansiedade é tão corrente que há uma instância institucional na UFABC para apoiar os alunos. As duas entidades estudantis que atuam no campus, o DCE (Diretório Central dos Estudantes) e a Caap (Central Acadêmica de Atividades Poliesportivas), se preocupam com o tema. O DCE já promoveu discussões e debates. No final de novembro, uma postagem em sua página no Facebook convocou os alunos: "Saúde mental importa! Neste fim de quadrimestre, não deixe de lado algo tão importante quanto suas notas".
Já a Caap aposta na prática de esportes para enfrentar a ansiedade e o estresse.
Um estudo indica que o percentual de sofrimento psíquico entre os universitários chega a 49,1% - ou seja, um a cada dois estudantes brasileiros do ensino superior sofre com problemas psicológicos. A pesquisa foi baseada em 1.375 artigos internacionais que analisam a rotina de alunos da área da saúde. Como comparação, o percentual do cidadão brasileiro médio gira em torno de 30%.
"Sentir-se ansioso ou triste em determinadas situações faz parte da vida, mas esse quadro chama a atenção nessa faixa da população", destaca a psicóloga Karen Graner, uma das autoras do estudo, em conjunto com a professora Ana Teresa de Abreu Ramos Cerqueira, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Botucatu.

