Autoridades turcas prenderam 1.133 pessoas em todo o país desde o início das manifestações contra a detenção do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, há cinco dias, anunciou o ministro do Interior, Ali Yerlikaya, nesta segunda-feira (24).
Imamoglu, considerado o maior rival político do presidente Tayyip Erdogan, foi preso na última quarta-feira (19), desencadeando os maiores protestos da Turquia em mais de uma década.
No domingo (23), um tribunal decidiu mantê-lo sob custódia sob acusações de corrupção, as quais ele nega. Agora, aguarda julgamento.
Apesar das proibições de aglomerações em diversas cidades, os protestos contra o governo continuaram pelo quinto dia consecutivo no domingo, reunindo centenas de milhares de manifestantes. Em sua maioria pacíficas, as manifestações desafiaram as restrições impostas.
Segundo Yerlikaya, 123 policiais ficaram feridos desde o início dos atos. Ele também afirmou que o governo não toleraria “o terror das ruas”.
Entre os detidos estão nove jornalistas que cobriam as manifestações em diferentes cidades, informou o Sindicato dos Jornalistas da Turquia nesta segunda-feira. Ainda não há informações claras sobre o motivo das prisões. A entidade também revelou que um fotógrafo da Agence France Presse (AFP) está entre os jornalistas detidos.
O Partido Republicano do Povo (CHP), legenda de Imamoglu e principal força de oposição ao governo, tem organizado protestos contra a decisão judicial, que considera politicamente motivada e antidemocrática. O próprio prefeito rejeitou as acusações e chamou as alegações contra ele de “calúnias inimagináveis”, incentivando atos em todo o país.
O presidente Erdogan declarou na semana passada que o governo não permitiria a “desordem pública”. Sua administração nega qualquer motivação política nas investigações e sustenta que a Justiça age de forma independente.
Omer Celik, porta-voz do Partido AK, de Erdogan, afirmou nesta segunda-feira que a oposição usa os protestos para encobrir suas próprias fraquezas. “O protesto democrático é um direito, mas o discurso adotado pelo CHP não reflete essa ideia”, declarou Celik.
Preso sem justificativa
Aos 54 anos, Imamoglu permanece sob custódia enquanto o CHP conduz primárias para oficializá-lo como candidato presidencial.
A prisão do prefeito foi amplamente noticiada pelos jornais turcos nesta segunda-feira, com veículos de oposição sugerindo que sua detenção ocorreu apenas por ser o principal adversário político de Erdogan.
Apoiadores de Imamoglu denunciam que sua prisão expõe falhas no sistema judiciário do país.
“É injusto. Prenderam o homem sem motivo”, criticou Adem Bali, operário da construção civil, de 22 anos.
Já Cigdem Tatlica, uma desempregada de 50 anos, afirmou não acreditar na Justiça turca. “Esse sistema não pode continuar assim”, desabafou.
Durante um protesto em frente ao prédio da prefeitura no distrito de Sarachane, em Istambul, Ozgur Ozel, líder do CHP, garantiu que as manifestações seguirão até que Imamoglu seja libertado.
Fonte: CNN Brasil
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