Na cidade de Trizidela do Vale, interior do Maranhão, o prefeito de Igarapé Grande, João Vitor Xavier (PDT), admitiu ter disparado contra o policial militar Geidson Thiago da Silva, conhecido como “Dos Santos”, durante uma vaquejada no último domingo (6). O agente, que estava de folga, chegou a ser levado a um hospital em Pedreiras e transferido em estado grave para outra unidade, mas não resistiu aos ferimentos. O corpo foi sepultado na terça-feira (8).
Diante do ocorrido, o juiz Luiz Emílio Braúna Bittencourt Júnior, da 2ª Vara da Comarca de Pedreiras, determinou nesta segunda-feira (14) a prisão preventiva de João Vitor. A decisão judicial também autorizou buscas na casa do prefeito e em seu gabinete municipal, visando apreender a arma utilizada no homicídio, além de celulares, computadores, mensagens em redes sociais, e-mails e demais objetos que possam contribuir com a investigação.
O cumprimento do mandado de prisão preventiva foi delegado à Polícia Civil do Maranhão, que tem 20 dias a contar da data do crime para efetuar a prisão.
O prefeito, após dias foragido, se apresentou de forma voluntária na Delegacia de Presidente Dutra na segunda-feira (7), prestou depoimento, mas não foi detido por ausência de flagrante. Segundo o delegado Ricardo Aragão, da Superintendência da Polícia Civil do Interior, o julgamento do caso deve ocorrer em instâncias superiores, em razão do foro privilegiado do acusado.
A Câmara de Vereadores de Igarapé Grande aprovou, em sessão realizada na quarta-feira (9), o afastamento de João Vitor por 125 dias, após ele solicitar licença médica. A vice-prefeita Maria Etelvina assumiu o cargo interinamente. João justificou a licença alegando abalo emocional e necessidade de cuidados psiquiátricos, especialmente por ser paciente bariátrico. Mesmo afastado, continuará recebendo o salário mensal de R$ 13.256,08.
Em sua defesa, o prefeito alegou que agiu em legítima defesa, afirmando que o policial teria apontado uma arma contra ele durante uma discussão causada pela luz alta dos faróis de seu veículo. No entanto, investigações preliminares da Polícia Civil e relatos de testemunhas contrariam essa versão. O delegado Diego Maciel, titular da delegacia de Pedreiras, declarou que a vítima foi alvejada com cerca de cinco tiros, supostamente pelas costas.
João contou em depoimento que abandonou a arma no local após o crime, mas até o momento o revólver calibre .38, que seria um presente de um eleitor e não possui registro legal, não foi localizado. Imagens de segurança captadas durante a vaquejada mostram um homem, supostamente o prefeito, indo até um carro preto, pegando um objeto, dirigindo-se a uma aglomeração e depois fugindo. As gravações ainda serão periciadas.
A polícia segue colhendo depoimentos e reunindo provas para elucidar os detalhes do assassinato. A morte do PM, lotado no 19º Batalhão da PM, abalou a comunidade local e levantou questionamentos sobre a conduta e o porte ilegal de arma por parte do chefe do executivo municipal.
Fonte: G1
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