Em 1993, portanto, há trinta anos, um querido amigo apresentou-me a um cidadão chamado Dion Avelino da Silva, há época ex-prefeito do amado município de Várzea Nova. Naquele dia, nasceu uma amizade que permaneceu viva até o seu falecimento, no ano passado, no dia 19 de outubro, exatamente há quatro meses, completados neste domingo de carnaval.

Hoje, aqui fazendo as minhas reflexões, lembrei-me desse saudoso e querido amigo, principalmente, ao recordar o quanto ele foi importante na minha vida pessoal e profissional.

Quando iniciei minha carreira no rádio, no mesmo ano de 1993, dentre os meus ouvintes, para minha honra, alegria e satisfação, estava Dion Avelino, que além de político era também amante e incentivador da comunicação regional.

Quatro anos se passaram, e em 1997, Dion voltava a governar o município de Várzea Nova.

Nesse mesmo ano, a convite dele fui nomeado assessor de imprensa, por sinal o primeiro a exercer esta função aqui no município de Várzea Nova.

Assim como eu, Dion Avelino era apaixonado por rádio, e esse gosto em comum acabou nos aproximando ainda mais, profissionalmente e também como amigos.

Lembro-me que nesse período,  num determinado momento, sugeri que Dion buscasse informações junto ao deputado Cláudio Cajado, de como seria o procedimento a ser tomado para aquisição de uma emissora de rádio comunitária para o nosso município.

Em 2002,  Dion presenteava o município com a Rádio Comunitária Várzea Nova FM, 87.9.

Naquele momento singular da nossa história, fui convidado por Dion Avelino para apresentar o primeiro programa jornalístico da “Caçulinha do Sertão”(slogan usado emissora à época).

Foram momentos de glória na comunicação radiofônica de Várzea Nova. A rádio era líder de audiência, o que deixava Dion feliz e realizado.

Certo dia, Dion convidou-me para um almoço em sua residência, e me apresentou uma pesquisa de intenção de voto, onde o meu nome pontuava bem como opção do eleitor varzeanovense para o Legislativo Municipal.

 A princípio, relutei com a ideia de entrar na política, não me achando a altura de disputar o cargo nobre de vereador pelo município de Várzea Nova, mas, Dion insistiu na ideia, e acabei disputando o pleito em 2008, onde infelizmente não fomos eleitos. 

No pleito seguinte, em 2012, Dion foi eleito prefeito pela quarta vez e nessa mesma data, na minha segunda tentativa de chegar à Câmara Municipal, também fui eleito vereador, passando a ser  o líder do seu governo no Legislativo Municipal.

Em 2016, Dion tentou a reeleição e não logrou êxito, porém, fui reeleito para o segundo mandato, e mantive-me sendo a sua voz no Legislativo, num gesto de respeito e gratidão a sua pessoa.

Naquele momento, travei uma difícil batalha para convencer os colegas vereadores da base do então prefeito, para votarem favoráveis ao parecer do TCM e deixar Dion apto a disputar outro pleito, o que de fato aconteceu.

Anos depois, Dion se afastou um pouco da vida pública e foi viver mais próximo dos filhos e netos, mas sempre estava atento ao dia a dia de Várzea Nova, sendo uma referência para todos nós, porém, lamentavelmente, muitas daquelas pessoas que foram beneficiadas e projetadas política e socialmente, acabaram por lhe virar as costas,  o que lhe deixava muito triste decepcionado.

Graças a Deus, por questão de princípios, mantive-me sempre firme e leal  à amizade com esse grande ser humano chamado Dion Avelino da Silva, visitando-o com frequência, além de nos falarmos por telefone semanalmente.

Revendo seus últimos dias de vida terrena, percebo que nossos últimos encontros pareciam despedida.

O último dia que nos vimos pessoalmente, foi na noite de sábado, véspera da eleição do primeiro turno.

Naquele dia, sentamos à mesa, eu, ele e seu filho Dioney, e começamos a conversar sobre assuntos diversos e, num determinado momento,  falei que iria me ausentar para visitar uns eleitores, e ele disse: “fica aqui conosco mais um pouco, deixa pra visitar esse pessoal amanhã”. Assim, fiquei até meia-noite e vi um amigo debilitado, com uma bolsa de colostomia pendurada na cintura. Aquela sena mim machucou por dentro e sem ninguém perceber fui no banheiro chorar, por sentir que estava perdendo um amigo, conselheiro e responsável por minha entrada na vida pública.

Sentir a morte de Dion como se fosse uma pessoa da minha família.

Hoje, quatro meses se passaram e a falta que esse ser humano maravilhoso faz,  machuca-me profundamente.

Nos meus discursos, costumo  chamá-lo de “Patrimônio de Várzea Nova”, pelo seu legado de gestor realizador das principais obras estruturantes desta terra.

Efetivamente, Dion Avelino da Silva é um patrimônio de Várzea Nova.

Nilton Moreira –  é radialista e exerce seu terceiro mandato como vereador pelo município de Várzea Nova.  

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