A vereadora Ana Rita Tavares divulgou nota pública para esclarecer as acusações de dívida de aluguéis de imóveis destinados a abrigos de animais em Salvador. Segundo as acusações, dois imóveis alugados pela rede mantida pela vereadora estariam com os aluguéis atrasados há pelo menos dois anos, um total de 20 parcelas de um imóvel em Piatã e mais 36 parcelas de uma chácara situada no Km 10,5 da rodovia CIA/Aeroporto.
Em nota, a parlamentar conta que assumiu os débitos após promessa da Gestão Municipal, à qual era aliada na época, de celebrar convênio para o custeio de abrigos de animais resgatados pela Associação Brasileira Terra Verde Viva. “Não tenho mais vínculo jurídico com a Associação, mas acompanho de perto as atividades da entidade que eu fundei e ajudo, com o meu bolso, a manter. Como consta no Portal da Transparência (ver planilha), foi celebrado um convênio, em 2016, com recursos do Fundo Municipal de Saúde (FMS), que previa um investimento de R$ 300 mil para a manutenção de abrigos destinados ao resgate de animais. Esse valor cobria apenas 50% das despesas da entidade, que recebia constantemente animais encaminhados por órgãos da prefeitura. E com o cancelamento do convênio, por questões políticas, os recursos deixaram de chegar e dificuldades foram agravando a situação desde então”, afirmou.
No portal da transparência, constam empenhos que somam um total de R$ 539 mil reais: R$299.991,00 oriundos do Fundo Municipal de Saúde (FMS); R$ 90.000 da Empresa Salvador de Turismo (SALTUR), destinados a ações educativas nos carnavais de 2017 e 2018; e outros R$ 150 mil também da SALTUR, divididos em duas parcelas, que seriam destinados ao desfile de 7 de Setembro. A entidade alega que cancelou essa última ação após avaliar as contrapartidas burocráticas necessárias, e o valor de R$ 150 mil nunca teria entrado na conta.
Segundo a parlamentar, os processos correm na Justiça, e ela espera chegar a algum acordo para quitar definitivamente as dívidas. “O julgamento desses processos cabe à Justiça e não a um órgão midiático, que atua à revelia de critérios de ética jornalística, com fontes duvidosas, sem ouvir minha versão”, argumenta a vereadora que afirma não ter sido procurada por nenhum órgão de imprensa para prestar esclarecimentos.
Busca por solução
Segundo a vereadora, não são apenas dívidas de aluguéis, e as despesas assumidas já teriam comprometido toda a sua renda. “Ninguém deve porque quer. São 52 mil reais mensais para sustentar toda essa estrutura – entre ração, medicamentos, transporte, aluguéis dos abrigos, etc., que mantenho com meu salário e empréstimos bancários, descontados mensalmente do meu contracheque do Tribunal de Contas do Estado, onde sou auditora jurídica de carreira”, afirmou a vereadora que, por ser servidora pública licenciada, não recebe vencimentos referentes ao cargo na Câmara Municipal.
Além do parcelamento dos débitos, a rede de proteção à qual ela faz parte pretende intensificar os processos de adoção, para que os animais que estão nos abrigos tenham um final feliz. “Infelizmente, a minha rotina é receber 20, 30 pedidos de ajuda diários. Para cada adoção, são vários outros casos de abandono e maus-tratos; cães, gatos que precisam de resgate para sair do sofrimento. É um constrangimento enorme ser apontada como devedora, mas eu não consigo virar as costas para esses animais, embora caiba ao poder público arcar com essa assistência”, afirmou.
A parlamentar destaca a importância de ações educativas para combater o abandono de animais, além de políticas públicas como a intensificação das castrações, bem como central de adoção, para que seja formada uma rede pública de assistência.