Cálculo mostra que faremos contato com alienígenas em cerca de 1.500 anos
O Paradoxo de Fermi sugere que já deveríamos ter feito contato com uma civilização extraterrestre, o que ainda não aconteceu. Aplicando um princípio filosófico de 500 anos, um pesquisador da Universidade Cornell mostra que o Grande Silêncio não é inesperado – nós só precisamos de mais tempo.
O princípio da mediocridade
Desde os anos 60, o SETI vem tentando encontrar aliens ao detectar sinais de rádio. Até agora, nada. (Imagem: NRAO/AUI)
Tome a nossa situação aqui na Terra, por exemplo: durante as últimos oito décadas, transmitimos sinais de rádio e eles estão se espalhando para o espaço como uma bolha em expansão.
Os aliens que receberem nossas mensagens de rádio teriam de detectá-las e, em seguida, reconhecê-las como vindas de fora. Então, eles teriam que lidar com a difícil tarefa de decifrar os sinais.
Dito isto, as emissões de rádio da Terra atingiram todas as estrelas dentro de cerca de 80 anos-luz do Sol, o que inclui 8.531 estrelas e possivelmente até 3.555 planetas semelhantes à Terra.
Pode parecer muito, mas Solomonides diz que não: isto representa apenas cerca de 0,125% da área plana da Via Láctea. Logicamente, estes mesmos parâmetros se aplicam aos alienígenas. Então, para nós sermos atingidos por sinais de vida extraterrestre, teríamos que estar em uma área muito especial e proporcionalmente pequena da galáxia. “E nós sabemos que não somos especiais”, escrevem os pesquisadores.
Assim, não devemos esperar ouvir de outra civilização alienígena até pelo menos metade da Via Láctea receber nossos sinais, o que não vai acontecer por mais 1.500 anos. Isso não quer dizer que não faremos contato até então; ou que, se não o fizermos, é porque não existem alienígenas. Os pesquisadores afirmam simplesmente que é “pouco provável que ouviremos algo antes desse período”.
Os pesquisadores também levaram em conta a idade da Via Láctea, e calcularam que a humanidade estaria nos 90% medianos da população de espécies galácticas, em se tratando de difundir ondas de rádio. Isto significa que a humanidade não estaria entre os primeiros nem os últimos 5% das civilizações que desenvolveriam a tecnologia de transmissão de rádio.
De forma bastante pessimista, eles acreditam que houve menos de 210 civilizações inteligentes na história galáctica que se comunicam, o que implica que estamos entre os primeiros a desenvolver a tecnologia de transmissão de rádio. Os pesquisadores também acreditam que a civilização média vem transmitindo ondas há cerca de 80 anos, e que o limite superior para a radiodifusão sonora é de cerca de 1.600 anos.
E quanto à colonização interestelar?
É uma conclusão interessante, claro, mas este estudo – que ainda está para ser publicado em uma revista com revisão por pares – tem alguns problemas. Primeiro, ele assume exclusivamente que o SETI clássico é o modo de comunicação interestelar. Conforme o tempo passa, estamos aprendendo que há um número significativo de maneiras para que inteligências alienígenas informem sobre sua presença.
Em segundo lugar, Solomonides e Terzian subestimam o grau em que os sinais de rádio degradam ao longo de grandes distâncias. Para uma civilização alienígena detectar um sinal de rádio a milhares de anos-luz de distância, eles teriam que concentrar antenas de rádio enormes por períodos prolongados de tempo (meses ou anos) em um único ponto no céu. Parece improvável, e um desperdício de recursos.
Finalmente, os pesquisadores também não conseguem resolver um aspecto importante do Paradoxo de Fermi: a sugestão de que os aliens iriam realizar a colonização interestelar. Cálculos anteriores demonstram que a Via Láctea, devido a sua idade extrema, pode ter sido colonizado muitas vezes até agora (um trabalho recente mostra que isso deve levar menos de um bilhão de anos, talvez até algumas dezenas de milhões de anos). Esta possibilidade é ignorada no novo estudo.
Assim, mesmo que seja encorajador, este trabalho não oferece uma solução definitiva para o Grande Silêncio. O Paradoxo de Fermi ainda é um problema relevante, que até mesmo o princípio da mediocridade não pode tratar de forma suficiente.
Foto: Stephane Guisard/ESO