Em meio à confusão envolvendo denúncia do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, contra um dos homens fortes de seu governo, o presidente Michel Temer disse, que o papel de Roberto Freire vai além das atribuições dele à frente da pasta. “Você não vai cuidar somente da cultura, Roberto. Quero que você esteja do meu lado para governar”, disse o presidente durante a cerimônia de posse de Freire na pasta. “Você traz para o governo a simbologia de quem tem um passado de lutas em favor do Brasil. Temos hoje absoluta certeza de que o governo está ganhando muito. Se não foi bem até agora, eu digo a vocês, a partir do Roberto Freire, o governo ganhará céu azul, velocidade de cruzeiro e vai salvar o Brasil”, disse o presidente ao novo ministro. Temer reiterou que o país vive uma recessão profunda e que, mesmo diante desse cenário, “exige-se” logo o crescimento, passando por cima da recessão. “Mas é preciso, primeiro, vencer a recessão para depois retomarmos o crescimento, porque é com ele que vem o emprego”, afirmou, referindo-se à necessidade de aprovação da PEC do Teto de Gastos Públicos e da Reforma da Previdência, tanto no âmbito federal como estadual. “Quando cheguei aqui, na Assembleia Nacional Constituinte, em 1987, o Freire já era grande figura da política nacional. Acompanhava com muito interesse os discursos e intervenções adequadas e, às vezes, muito rigorosas, que ele fazia naquele tempo. Eu, calouro ainda, e ele veterano. Ele não se recorda. Isso significa que pessoas muito importantes, muitas vezes, não se lembram das mais singelas”, disse Temer. “É interessante como a vida tem acidentes”, acrescentou. Temer revelou que planejava colocar Freire na Cultura desde antes da posse na Presidência da República, mas que, em função da necessidade de reduzir o número de ministérios, a ideia acabou sendo postergada. “Roberto disse, após ter sido designado extraoficialmente ministro da Cultura, que eu teria de reduzir ministérios e que, se não o fizesse, iria apanhar demais. Ele me disse: ‘faça o seguinte: se quiser meu cargo está à disposição’. Como tinha na cabeça a figura do Ministério da Educação e Cultura, resolvi reunir as duas pastas”. Acusação – Ao deixar o ministério, Marcelo Calero acusou o também ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) de pressioná-lo a conceder um parecer técnico para liberação de uma obra, por meio do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) na Bahia, para atender a interesses pessoais do político baiano. (Agência Brasil)

